O HISTORIADOR MORRETENSE - ERIC J. HUNZICKER

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

MORRETES EM 1876.
1876-31 de dezembro: Colégio Eleitoral. O Colégio Eleitoral de Morretes era formado pelos seguintes números de eleitores: Freguesia de Nossa Senhora do Porto, 12; Freguesia de São Sebastião do Porto de Cima, 4; Freguesia de Nossa Senhora do Pilar de Antonina, 14. 01/29/52.
1876-31 de dezembro: Colônia de Nossa Senhora do Porto, fundada em 1876, em Morretes. 01/29/59.
1876-31 de dezembro: Funcionava como Juiz Comissário das Medições de Terras, atendendo Morretes, Porto de Cima, Paranaguá. Antonina, Guaratuba o Sr. Luiz Antônio Parigot. 01/29/61.
1876-31 de dezembro: Serviço de Diligências. Estava então em pleno funcionamento o serviço de diligências entre Curitiba, Morretes e Antonina, inaugurado em 6 de janeiro de 1876, pelo empresário Leon Bauche. As diligências partem para a marinha nos dias pares e retornam nos dias ímpares. Preço da viagem: Rs 11$000 (onze mil réis). 01/29/100.
1876-31 de dezembro: Comarca de Antonina e Morretes. Criada pela Lei nº 308 de 3 de abril de 1872 e declarada de 1ª Entrância pelo Decreto nº 4.961 de 15 de maio do mesmo ano. Compreende os termos reunidos de Antonina e Morretes, criados pelo Decreto nº 1418 de 16 de agosto de 1854. Sua população é de 12.390 habitantes. 01/29/218.
1876-31 de dezembro: Município de Morretes. Criado pela Lei de São Paulo nº 16 de 1º de março de 1841, sendo instalado a 16 de junho do mesmo ano. Esta Vila foi elevada a categoria de cidade pela Lei nº 188 de 24 de maio de 1869, com a denominação de Nhundiaquara, tornando de novo a denominação de Morretes pela Lei nº 227 de 7 de abril de 1870. Dista da Capital, 66 quilômetros (10 léguas). A renda deste município orçada para o exercício 1876/1877 em 6:531$270 (seis contos, quinhentos e trinta e hum mil e duzentos e setenta réis). 01/29/230.
1876-31 de dezembro: Autoridades Constituídas. Suplentes do Juiz Municipal: 1º Suplente, Tenente-Coronel Antônio Gonçalves do Nascimento; 2º, José Miró de Freitas; 3º, Capitão Vicente Ferreira de Loyola. Tabelião: Paulino da Silva Carrão. Delegacia de Polícia: Delegado, Alferes João José Figueira; 1º Suplente, Major Antônio Polydoro; 2º, Tenente Joaquim José Alves; 3º, Alferes Bento Gonçalves Cordeiro. Coletoria: Coletor, Major Francisco Antônio da Costa Nogueira; Escrivão, Agostinho Ferreira de Loyola; Agente do Correio: Major Francisco Antônio da Costa Nogueira. Telégrafo Elétrico: Telegrafista: João Werneck de Sampaio Capistrano. Subdelegacia: Subdelegado, Gabriel Pinto da Silva; 1º Suplente, Agostinho José Pinheiro Lima; 2º, Francisco Fernandes da Rocha; 3º Antônio de Souza Dias Negrão. Inspetor Paroquial da Instrução: José Celestino de Oliveira. Professores Públicos: Philinto Elysio Cordeiro, José Francisco da Rocha Pombo, Dª Francisca Hectória Mangin, Dª Luiza Maria Huy, Dª Guilhermina da Luz Gomes (Anhaia). Juízes de Paz: Tenente-Coronel José Celestino de Oliveira, Alferes João José Figueira, Antônio da Costa Pinto, Horácio Ricardo dos Santos. 01/29/230-233-279.
1876-31 de dezembro: Club Litterário Alpha. Fundado em 19 de novembro de 1876. 1ª Diretoria: Presidente, Filinto Elysio Cordeiro; Vice, Manoel Nogueira; Orador, Antonio D. de Barros; 1º Secretário, Manoel Ricardo do Nascimento; 2º, Annibal Cesar da Rocha; Tesoureiro, Luiz Ventura Rodrigues; Procurador, João Pereira da Fonseca. 01/29/231.
1876-31 de dezembro: Freguesia de Nossa Senhora do Porto de Morretes. Criada por Provisão do Bispo de São Paulo em 29 de abril de 1812. Tem 880 fogos e 4.889 habitantes, sendo 2.464 do sexo masculino, e 2.425 feminino. Livres, 4.423 e escravos 466. No ano de 1875 houveram 176 batizados, 35 casamentos e 158 óbitos. Vigário Encomendado: Reverendo José Jacintho de Linhares. 01/29/232.
1876-31 de dezembro: Indústria, Comércio e Serviços. Açougues: Ireno Alves de Paula, Joaquim José de Andrade. Alfaiates: Anastácio dos Santos Dindin, Benedicto dos Santos Dindin, João Antônio Guimarães. Armazéns de Líquidos e Comestíveis. Alberto Emílio Barbosa, Antônio Cândido de Fugueiredo, Antônio José Dias Paiva, Bento Antônio de Bittencourt, Caetano José da Silva Babáu, Francisco Amaro Ferreira, Ireno da Costa Pinto, Joaquim da Costa Pinto (Anhaia) Joaquim Fernandes de Amorim, Joaquim José de Oliveira, José Antônio da Nóbrega & Cia., José Fernando Luiz de Moraes, José da Fonseca Martins, Manoel Francisco Grillo, Manoel José Gomes Veiga, Manoel Ricardo do Nascimento, Moraes & Irmão, Ricardo Luiz da Cruz, Torquato Ribeiro de Macedo, Vieira da Silva & Cia. Bilhar: Moraes & Irmão. Botica: José Pedro Estanislau da Silva. Casa de Comissões: Antônio Gregório da Silva Babáu, Lima & Pereira. Engenhos de Socar Erva-Mate: Antônio da Costa Pinto, Antônio Ricardo dos Santos, Bento Fernandes Corrêa (Anhaia), Cândido Melchiades da Costa (Anhaia), Cyriaco de Oliveira Bittencourt (Anhaia), Fidelis Gonçalves Cordeiro (Anhaia), Horácio Ricardo dos Santos, Joaquim Alves de Araújo (Sítio Grande), João José Figueira (Monjolo), José Antônio Gomes (Anhaia), José Antônio Nóbrega (Ponte Alta), José Celestino de Oliveira, José Miró & Alves (Paiol), Dª Justina Rodrigues da Trindade (Anhaia), Manoel Jácomo da Cunha Veiga (Anhaia), Manoel José Massaneiro (Anhaia), Ricardo José da Costa Guimarães (Cari), Dª Rosa Maria de Lima (Monjolo), Dª Rosa Martins da Cruz. Escritórios Comerciais: José Celestino de Oliveira, Antônio Ricardo dos Santos, José Miró de Freitas. Ferrarias: Frederico Guilherme Luck, Guilherme Schultz. Guarda Livros: Antônio Domingos de Barros, Manoel Nogueira. Hotel: João Pereira Bacellar. Lojas de Fazendas: Annibal Cesar da Rocha, Antonio Dias de Paiva, Francisco Marianno Ferreira, Gabriel Pinto da Silva, Joaquim Gonçalves Veiga, João Gonçalves Maia, João de Macedo Rangel, João Negrão (Anhaia), José Ferreira de Loyola, José Pedro Estanislau da Silva, Manoel Jácomo da Cunha Veiga, Oliveira Passos & Ferreira, Pedro da Silva Arouca & Cia., Rodrigues & Cardoso. Lojas de Louça e Outros Artigos: Agostinho Machiavel (Barreiros), Antônio Júlio & Cia. Padarias: Antônio Gonçalves Cordeiro, Bazilio Miguel Pereira da Cunha, José Ferreira de Loyola. Sapateiro: Abrahão Morgensten. Tanoeiros: Augusto Bockamnn, Joaquim Lauriano da Silva, Joaquim de Paula França, José Rodrigues de Almeida. Tavernas: Antônio Pinto Cordeiro, Leandro José da Costa, Manoel Pereira da Silva (Barreiros), Miguel Ferreira de Souza, Sabino Tavares de Souza (Anhaia). 01/29/233-234-235-236-237.
1876-31 de dezembro: Morretes. Câmara Municipal. Vereadores: Comendador Antônio Ricardo dos Santos, Capitão José Ferreira de Loyola, José Gonçalves de Moraes, Bento Gonçalves Cordeiro, Anselmo Gonçalves Ribeiro, Ulysses da Costa Pinto, Pedro Alexandre Franklin, Agostinho José Pereira Lima, Francisco Fernandes da Rocha. 01/29/279.

1876-31 de dezembro: Morretes. Guarda Nacional: Comandante, Tenente-Coronel Antônio Gonçalves do Nascimento; Quartel-Mestre, Tenente Joaquim Antonio dos Santos; Cirurgião, Tenente Ricardo de Souza Dias Negrão; Secretário, Alferes Bento Gonçalves Cordeiro; Porta Bandeira, Alferes Manoel Cordeiro Gomes. 1ª Companhia: Capitão José Antônio Nobre, Tenente Antônio Sinke, Alferes José Pedro da Rocha, Alferes Joaquim Pereira. 2ª Companhia: Capitão José Ribeiro de Macedo, Tenente Fernando José de Siqueira, Alferes Manoel José de Massaneiro, Alferes Joaquim Antônio Luiz Pereira. 3ª Companhia: Capitão João de Souza Dias Negrão, Tenente Joaquim José Alves, Alferes Manoel Salustiano Gonçalves Marques, Alferes João Ferreira de Oliveira. 4ª Companhia: Capitão José Ferreira de Loyola, Tenente Francisco Luiz Ferreira, Alferes Cândido Melchiades da Costa, Alferes Antônio Vicente de Loyola. Secção de Companhia de Reserva: Cypriano José da Costa, Alferes Manoel José de Gouvêa. 01/29/237/238.
ROCHA POMBO
1950-28 de dezembro: Rocha Pombo, por Luiz Magalhães. A geração atual de brasileiros deve a José Francisco da Rocha Pombo uma parcela considerável da própria cultura, pois raros foram os que não beberam, nas páginas das suas várias obras sobre História do Brasil, os conhecimentos iniciais da vida escolar. Rocha Pombo nasceu em Morretes, no Estado do Paraná, a 4 de dezembro de 1857 e faleceu no Rio de Janeiro a 26 de junho de 1933. Era filho de Manoel Francisco Pombo e Angélica Rocha Pombo. Já aos 18 anos exercia o magistério, para o que manifestou, desde muito cedo, a mais decidida inclinação. Ensinava, inicialmente no Anhaia, subúrbio da sua cidade natal, transferindo-se após para Curitiba, onde pretendia ingressar na vida da imprensa, em que já se iniciara em Morretes, publicando vários trabalhos. Um desses trabalhos, alas, o primeiro, ao que se supõe, foi publicado na revista fluminense “A Escola” e mereceu a honra de ser transcrito em um jornal argentino. Também em Morretes, Rocha Pombo havia iniciado uma série de escritos de propaganda republicana, que adotara, entre os primeiros apologistas do novo regime. Na capital do Paraná trabalha com incrível atividade, escreve livros, colabora na imprensa diária como redator e como diretor e ensina, especialmente, história pátria. Em 1886 trabalha na “Gazeta Paranaense”, órgão do Partido Conservador, a que se encontra ligado. No ano seguinte dirige o “Diário Popular”, em 1892 é redator do “Diário do Comércio”, colabora no “Éco dos Campos” e no “Paraná”. Casara-se em 1881, com Carmelita (Madureira) Rocha Pombo, pertencente a ilustre família de Castro e em 1887 transferia-se com a família para o Rio de Janeiro. Na capital do país recebe o grau de bacharel em ciências jurídicas e sociais e, em 1816, é eleito Depurado ao Congresso Legislativo do Estado do Paraná, onde permanece por dois anos. Regressa ao Rio e vai ser professor na Escola Normal. Uma de suas filhas contrai núpcias com o poeta Pereira da Silva, que seria mais tarde seu confrade na Academia Brasileira de Letras. Por três vezes tentara ingressar na ilustre companhia, sem êxito. Em 1923 fizera duas tentativas, inscrevendo-se para preencher as vagas abertas coim o falecimento de D. Silvério e de Rui Barbosa, em 1928 pretendeu substituir Oliveira Lima, com igual resultado. Em 1933 o mestre lutava com as maiores dificuldades financeiras, privado de recursos e já bastante enfermo. Laudelino Freire apresentou-o, com essa informação, aos seus colegas acadêmicos, que decidiram elegê-lo, o que fizeram na terceira eleição para a vaga aberta com a morte de Alberto Faria, dando-lhe 24 votos contra 6 obtidos por Silvio Júlio, seu concorrente. O mestre devia, portanto, tomar posse da Cadeira nº 39, criada por Oliveira Lima sob o patrocínio de Varnhagem. O destino, entretanto já decidira: eleito a 16 de março de 1933, falecia a 26 de junho do mesmo ano, sem que o seu estado de saúde lhe permitisse comparecer a recepção de posse. Rodolfo Garcia foi o seu sucessor na Academia, que foi substituído por Elmano Cardim. Embora o melhor do seu talento haja sido reservado a História do Brasil, realizou, também, obra romântica de valor, destacando-se entre os que, naquele período, se dedicaram ao gênero. A sua “História do Brasil” editada em 1905, em dez volumes, continua sendo obra de larga utilidade e serviu para a educação de várias gerações de estudantes. Era homem de extrema simplicidade, retraído e meigo, vivendo alheio a realidade do ambiente. Convivia com os discípulos, discutia com eles os mais variados assuntos e era, mais do que o mestre, o amigo, o conselheiro amável, era o homem sempre bem disposto e agradável. Pedro Couto traça-lhe o perfil, salientando esse traço característico: “Já lhe tendo passado os cinquenta anos, é um gosto vê-lo prazenteiro e amorável em meio aos rapazolas, sem afetação, com eles trocando opiniões, chocando - quem sabe? - os graves e austeros medalhões, que todos se metem dentro de si e só se agrupam aos pares, relíquias, muitas vezes veneráveis. Dessa afetividade singela, dessa maneira despretensiosa lhe vem a simpatia de que goza. O seu nome é o reflexo do seu caráter: em moral, consistente, rochoso, no resto, brando, meigo, doce.” Apesar da extensão e da utilidade da sua obra, viveu os últimos anos em luta com grandes dificuldades financeiras, obrigado a despesas consideráveis para o tratamento da saúde. Faleceu pobre, quase em penúria. Raros amigos, dos muitos que fizera, acompanharam seus últimos dias, tanto mais tristes pela ausência de recursos em que se debatia. Foi um exemplo notável de honestidade literária e a sua vida foi um exemplo digno de ser imitado. 2888/20/04.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Marcelino José Nogueira Junior
MORRETES E A EMANCIPAÇÃO DO PARANÁ

A experiencia, confirmada por suas estreitas relações com as cousas e os factos, tem demonstrado que, na vida social, a industria é a raiz, o fundamento ou a causa primaria de tudo. Della deflue não só o desenvolvimento material, como o progresso humano sob o aspecto mais elevado de conquista do bem estar, da ordem, da liberdade, ou da emancipação da própria consciencia, já então impellida até a plena posse de seus sagrados e imprescriptiveis direitos. Essa verdade levou primoroso escriptor a reconhecer que a própria liberdade politica depende essencialmente do progresso industrial, pelo que não é de mero parallelismo, porém de verdadeira causalidade, a relação que ha entre a historia da industria e a historia da civilização politica. Por isso, quem tiver um dia de estudar a marcha ascencional da civilização politica no Paraná, hade ir tomar, na pequena e gloriosa povoação de Morretes, o seu antecedente necessario, ou o ponto donde, mais tarde, irradiou-se ella por todo o territorio paranaense.
 Obedecendo já em sua fundação a elevados intuitos commerciaes, como attesta sua posição, excellente em relação ao estado da viação áquelle tempo, Morretes muito cedo attrahiu as vistas de quantos conseguiram divisar, atravez as dubias entrevistas do futuro, a grandeza material e moral, que lhe estava reservada.
Homens emprehendedores, com ardente fé nos resultados do trabalho honesto, intelligente e perserverante, alli foram se estabelecer, lançando os germens do progresso economico, que dentro em pouco devia se revelar e accentuar. Então, a industria manufactureira do matte, que ainda é hoje a principal do Paraná, foi alli iniciada sob os melhores auspicios, determinando o aproveitamento de inexgotaveis riquezas, quer para o extractor, quer para os industriaes, que, beneficiando-o, iam leval-o transformado aos centros consumidores. Por sua vez o commercio, com vitalidade assás apreciavel, começou a desenvolver-se, estendendo dia a dia esphera de suas operações e ligando, pelas vantagens, immensas de civilizadora permutação, as populações ruraes mais affastadas á nova e florescente praça de Morretes. Ao lado dessas, innumeras outras industrias auxiliares surgiram, contribuindo, em concerto admiravel, para o desenvolvimento da pequena povoação, cujo progresso economico de mais se acentuava. Assim, muitas dezenas de annos não eram passadas, e as primitivas choças appareciam convertidas em edificios; as fabricas, armazens e depositos se haviam multiplicado; a população augmentara consideravelmente e de vez se tinha formado o centro para onde corria já grande numero de productores e consumidores, entregues todos á permuta de actividades e valores, no seu mais elevado aspecto economico.
Os resultados desse progresso industrial não se fizeram esperar. Dentro de alguns annos mais, tinha elle levado, na solidariedade admiravel que prende as industrias entre si, o desenvolvimento economico ás mais remotas paragens, e de toda a parte se lhe ouvia a voz, chamando o homem a mais santa de todas as pugnas: a que tem por instrumento a ferramenta e o trabalho e por divisa o desenvolvimento e a independencia da sociedade, E, de envolta com esse desenvolvimento, levou aquelle progresso a todas as classes sociaes a consciencia da propria força, a aspiração do bem estar e da ordem, o sentimento da liberdade e da independencia. Só depois, como culminante remate a essas bellas vegetações moraes, veio a emancipação da quinta comarca (No momento da emancipação o Paraná era a décima comarca – NP) de São. Paulo e com ella a installação da provincia do Paraná.
Portanto, em seu caracter de signal inequivoco de adiantado gráo de civilização politica, a emancipação do Paraná apparece, logicamente na historia, como a resultante do progresso industrial e economico, que irradiou-se, em torrentes de luz, da pequena povoação fundada ás margens do  Nhundiaquara por todo o território paranaense.

Morretes foi o berço da liberdade politica do Paraná. 


19 de Dezembro de 1903.
Obs. Está publicado com a orografia que foi originalmente publicado.

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

1856-17 de dezembro: Necessidade da Navegação a Vapor no Rio de Morretes. As viagens que dantes levavam anos, contam-se hoje por dias, as notícias, as correspondências, que gastavam semanas para chegarem dum ponto a outro, voam agora em segundos nas asas da eletricidade. No entanto, subsistindo estes progressos, dos quais se tem colhido inúmeras vantagens, e que tendem a fazer caminhar-se para a harmonia universal, não sendo estranho para o Brasil, aonde já existem bastante navios a vapor e até uma pequena linha elétrica, não sabemos porque ainda não puderam fazer a sua introdução nesta Província. Não queremos que por enquanto se pense no estabelecimento das linhas elétricas, não, mas quiséramos, ao menos, que algum homem de verdadeiro espírito comercial e empreendedor se lembrasse de dar vida a uma ideia que já existiu em Paranaguá –o estabelecimento de uma linha de vapores no Rio de Morretes- cuja ideia, por infelicidade caiu no olvido, donde até hoje se não tem podido desenterrar. Quiséramos, repetimos, que os negociantes desta cidade, de acordo com os de Morretes e Porto de Cima, não só em benefício da Província, mas também de suas conveniências, tratassem de superar as dificuldades causadas pelos péssimos serviços dos barquinhos e canoas, que além de demorado e irregularíssimo, considerado de qualquer forma. Quem acreditará, fora daqui, que as conduções feitas em embarcações de vela por uma excelente baía e um rio bastante largo e fundo como é o de Morretes até Barreiros, sofrem às vezes a demora de dois a três dias para percorrerem a curtíssima distância de cinco léguas. E quem ainda julgará que Paranaguá, por cuja barra se exportam atualmente produtos do país no valor de dois mil contos de réis, sendo a grande maioria destes artigos vinda pelo Rio de Morretes, não tem buscado um meio de facilitar os transportes por este rio! Donde procederá pois a falta de reparo dos negociantes para estas reconhecidas necessidades de proveito próprio? Não o sabemos. É verdade que algumas pessoas a quem temos feto igual pergunta, nos responderam que os proprietários dos barquinhos se opõem a ideia dos vapores, na persuasão de que a realização de semelhantes projetos os viria prejudicar, porém como temos em muito boa conta o tino de todos estes senhores, não tomamos tal resposta como razoável, pois é nos lícito pensar que todos eles estarão compenetrados de que –times is mony- o tempo é dinheiro, segundo dizem os ingleses, os maiores apreciadores do tempo que há no mundo, e, por conseguinte, quando os proprietários dos barquinhos e canoas se resolvam a proteger o estabelecimento dos vapores, aproveitarão como exportadores de erva-mate imenso tempo, e como acionistas dos novos transportes, (pois deve-se julgar que semelhante empresa não será obra particular) lucrarão tanto ou mais que as embarcações de vela de sua propriedade, das quais com facilidade e pouco prejuízo se poderão desfazer. Apesar de nos acharmos com falta de habilitações para apresentarmos cálculos comprobatórios da asserção que acima acabamos de fazer, diremos sempre, que sendo fora de dúvida que dois vapores de porte de 1.600 arrobas cada um, nunca deixarão de ter carga de Barreiros para Paranaguá e vice-versa, e que juntando-se a isto o movimento de passageiros, que naturalmente crescerá com a rapidez dos transportes, deverão apresentar aos acionistas um resultado muito feliz, ainda mais se atender a que o carvão que tanto encarece a navegação por meio destas máquinas prodigiosas, pode ser aqui substituído por lenha do mangue obtida por qualquer bagatela. Finalmente, a questão do estabelecimento de uma linha de vapores no Rio de Morretes, é de tal utilidade e transcendência comercial, que ficamos na crença de que não estará longe o dia em que os negociantes desta cidade, Morretes e Porto de Cima, convencidos disto cooperarão com alacridade para levarem a efeito uma empresa da qual tantos benefícios se devem esperar. Paranaguá, 18 de novembro de 1856. O.O.O. 38/1/03. Jornal "Dezenove de Dezembro"

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Boemia. Por José Moraes.

1898-11 de dezembro: Notas Falsas. Boemia. Há poucos dias um moço, figura simpática e saliente do meio literário curitibano, pediu-me explicações sobre as palavras –Boemia, Boêmio– e eu prometi dá-las tão completas quanto me fosse possível. Venho hoje desobrigar-me desse compromisso, passando para aqui algumas notas ligeiras, apanhadas em uma brochura estrangeira que se ocupa desse assunto. Na Literatura Francesa fala-se muito em boêmio, e por tal forma que a palavra acabou por tornar-se a representante de uma classe de pessoas no seio as sociedade parisiense. Os literatos daquele país tomaram grande trabalho em discutir tal classe, que era uma modernice, dedicaram-lhe romances, comédias, versos, artigos de jornais, com o fim único de provar que a definição seca e vaga da Academia: -“Ter a vida de boêmio, viver na vagabundagem, sem eira nem beira”, era falsa, porque, nesse caso, o boêmio devia achar-se constantemente sob as vistas incessantes e cautelosas da Polícia. Não foi difícil reduzir a inanidade aquela definição impertinente. A Boemia tem uma linguagem especial, totalmente sua, tomada das palestras dos ateliers, do calão dos bastidores,, das discussões dos gabinetes de redação. Figuram nesse idioma inaudito todos os ecletismos de estilo, idioma onde o gênero apocalíptico acotovela o discurso sem fim nem ligação, onde a rusticidade da gíria popular alia-se a períodos extravagantes, saídos da mesma fôrma de onde Cyrano tirava os seus rasgos cheios de espanholadas, onde o paradoxo –filho querido da moderna literatura- trata a lógica e a razão como Cassandra é tratada nas Pantomimas, onde a ironia tem a violência dos mais enérgicos ácidos, e a destreza desses caçadores que matam um inseto pousado no alvo, algaravia inteligente, embora ininteligível para os que não tem a chave dela, e cuja audácia excede a das mais livres línguas. Esse vocabulário é o inferno da retórica e o paraíso do neologismo. Ouçamos agora o que se diz e o que se disse da boemia e dos boêmios. Diz Balzac: “A Boemia, que se deve chamar a Doutrina do Boulevard des Italiens compõem-se de moços de vinte a trinta anos (não mais) todos homens de gênio –cada um em seu gênero- ainda não conhecidos, mas que se farão conhecer em pouco tempo, e então serão distintíssimos. Na Boemia há diplomatas capazes de transformar os projetos da Rússia, desde que sejam auxiliados pelo poder da França. Todos os gêneros de capacidade e de espírito ai estão representados. Ela possui escritores, administradores, militares, jornalistas... A palavra Boemia diz tudo. Se ela nada tem, vive do que tem. A esperança é a sua religião, a fé em si mesmo o seu código, a caridade o seu budget.”  Murger diz: “Para o leitor inquieto, para o burguês timorato repetimos em forma de axioma: -A Boemia é o estágio da vida artística, a porta aberta da Academia, do Hospital ou do Necrotério- Acrescentamos que ela só existe e só pode existir em Paris.” Diz X. Aubryet: “Como?! Porque há uma meia dúzia de papalvos ou de pretensiosos, que julgam fazer bonita figura blasonando-se do pomposo nome de –boêmios- e cortam os sapatos de propósito para que se tomem como o prolongamento dos heróis de Murger, tornais a literatura inteira responsável por essa garotice?! Não fecheis os olhos tão complacentemente: eu não chamo boêmio ao estudantinho que deve cem francos ao seu alfaiate, chamo boêmio a esse esplêndido e majestático vivedor que não é literato e que sabe despender cem mil francos por ano sem ter um sou de seu, chamo boêmios aos príncipes das finanças que se gabam, com jactância, de reduzirem os seus clientes a miséria extrema...” A. Louchet exclama: “...Chamam a isso ter vida de boêmio! Murger, que dizeis a este respeito? A vida de boêmio, que eles não conhecem, é a vida da afeição e de comunismo, nunca a vida de cinismo e de desespero.” P. Larousse diz em duas linhas no seu Dictionnaire Complet Illustré: “Boêmio, sujeito que goza o presente, sem importar-se com o futuro.” Eis satisfeito o meu compromisso. Abordei um assunto ainda não tratado em nossa terra e ocupei-me dele como pude e como sabia. Venham outros em seguida fazer mais amplo estudo sobre esse tema tão interessante. A iniciativa ai fica. Hyalino. (José Gonçalves de Moraes). 40/25/01.

Rocha Pombo no Norte do Brasil

1917-10 de dezembro: A campanha nacionalista no Brasil, para Gaudio da nossa grande Pátria, vai produzindo os frutos mais eloquentes e sublimes. Diariamente, de todos os pontos, nos vem informações acerca do movimento cívico, que se avoluma cada vez mais, no qual transluz a compreensão exata, que os brasileiros vão nutrindo, com relação aos sentimentos da nacionalidade. Ainda agora regressa do norte o Dr. Rocha Pombo, brilhante historiador patrício. Das suas impressões publicadas pelos jornais cariocas, uma se destaca sobre todas, e esta não é outra senão a intensa onda de patriotismo que empolgou a alma de Rocha Pombo. O ilustre historiador teve até mesmo ocasião de afirmar “haver voltado do norte, mais brasileiro”, o que significa termos entrado em uma fase bastante notável da nossa vida de nação independente. 1977/30/01. (A Época-Rio de Janeiro).

Rocha Pombo Retorna ao Rio de Janeiro

1917-10 de dezembro: Brasileiros Ilustres. Regressou ontem, do norte do Brasil, o Dr. Rocha Pombo. “O grande historiador revela as suas impressões.” Acha-se desde ontem, novamente no seio da família carioca o eminente historiador brasileiro Dr. Rocha Pombo. Sua Senhoria viajou a bordo do paquete “Pará”, do Loyd Brasileiro, o qual, pelas 8 horas, transpunha a barra do Rio de Janeiro, para dentro em pouco atracar no Armazém 12 do Cais do Porto, onde crescido número de amigos do viajante ilustre lhe abria os braços, numa saudação eloquente e amiga. E às 9 horas o Dr. Rocha Pombo pisava o solo da nossa “urbe”. O grande historiador patrício há cerca de 5 meses que se ausentara do Rio, empreendendo uma peregrinação pelos nossos Estados do norte, a fim de colher documentos para o trabalho que vai escrever acerca dos acontecimentos desenrolados no seio de nossa Pátria no período decorrido de 1822 a 1922. O Dr. Rocha Pombo traz a alma transbordante do mais intenso arrebatamento. Tudo fascinou o espírito do nosso patrício: a cultura dos homens, a opinião consciente do povo e o colorido da própria natureza do norte. No cais, entre as saudações dos amigos tornou-se tarefa difícil trocar impressões com o Dr. Rocha Pombo. Em sua residência, porém, mais fácil nos foi conversar acerca da recente viagem, e ali, à Rua Jockey Club, fomos encontrar o Dr. Rocha Pombo entregue ao doce convívio de sua Exma. família, de quem S.S. se achava cercado. “Na residência do viajante ilustre.” Uma vez que nos fizemos anunciar o Dr. Rocha Pombo imediatamente conduziu-nos para o interior da sua residência, prontificando-se a satisfazer a nossa natural curiosidade jornalística. “O Norte do Brasil empolgou Rocha Pombo.” –Dr., “A Época” deseja conhecer as impressões que traz da recente viagem. –As minhas impressões, meu caro, são de todo inexcedíveis de arrebatamento. Venho imensamente empolgado pelas maravilhas que lá vi. –Mas, que nos diz a respeito da investigação histórica a que se propôs? –Tudo consegui sem grande esforço. –Pode relatar-nos tudo? – Devo dizer, porém, que, antes de penetrar neste ponto, é forçoso exprimir o meu contentamento diante da grandiosidade que se estampa por todo o norte do Brasil. Direi que minha alma passou pela mais viva surpresa, uma vez que a cultura dos nortistas, o seu grande amor as ciências, as artes e as letras ultrapassam a qualquer expectativa. Infelizmente, essas mentalidades que se espalham por todo o norte, vivem mergulhadas no mais tenebroso esquecimento, quando, pelo contrário, os seus nomes e as suas obras mereciam irradiar-se por toda a parte. “O Nacionalismo no Brasil é um fato”. –E quanto ao movimento nacionalista? –Julgo que o norte do Brasil se tem tornado um verdadeiro campeão no reerguimento do nosso patriotismo. Duas festas a que assisti, deram-me o mais eloquente testemunho disso. Em Manaus tive ocasião de assistir a festa do juramento a Bandeira do Tiro Naval, festa que coincidiu com a comemoração do 15 de Novembro. Desse acontecimento partilharam os representantes de todas as camadas sociais, sendo notável o entusiasmo, quer das gentilíssimas senhorinhas, quer das próprias crianças. Em Belém assisti, na minha volta, as festas a Bandeira. Um deslumbramento. Tanto que me sinto ter regressado mais brasileiro. A confiança nos respectivos governos constitui um fato bastante notável em todo o norte. Daí resulta o traço evidente de adiantamento que em toda parte notei. Mais elevadas ainda são a confiança e a admiração que os nortistas depositam e consagram no Dr. Wenceslau Braz, Presidente da República. “A Consagração do Dr. Wenceslau Braz.” Em uma das capitais por onde passei, lembro-me de ter ouvido esta frase: “O Dr. Wenceslau Braz é uma revelação confortante para a alma republicana.” Mais importante ainda é ouvirem-se tais demonstrações no seio do povo brasileiro. –E trabalhou na missão que empreendeu? Bastante. No entanto, não posso esquecer o brilhante concurso que me prestaram, quer os governos, quer os próprios homens que se dedicam ao cultivo das ciências e das letras. “Rocha Pombo alcançou o maior êxito.”–Quanto aos frutos que colheu? –Foram tais que estou habilitado a dizer que a minha missão alcançou o mais completo êxito. Trago a mais abundante documentação para a minha obra, que, como sabe, será a História do Brasil, dentro do século que vai de 1822 a 1922. Consegui excelentes manifestos, memórias, autógrafos, importantíssimos mapas, dados estatísticos, etc. Basta dizer que, em Santo Amaro, no Estado de Sergipe, encontrei o Padre Leonardo Dantas, ancião respeitável e ilustradíssimo, que me mimoseou com a história da fundação daquela cidade. Esse trabalho foi-me oferecido de um modo mui lisonjeiro, pois o Padre Dantas deu-me o próprio original, com a assinatura. De outras importantíssimas cidades trago documentos idênticos. Conforme disse, logrei o concurso de diversas notabilidades. Assim, assinalarei os inestimáveis serviços que me prestaram os Srs.: Dr. Bernardino de Souza e Borges de Barros, na Bahia; Dr. Faria e Souza, em Manaus; Alfredo Matta e Mariano de Lima e outros excelentes amigos. –Nada faltou, portanto? –Nada. Vêm comigo dezesseis caixões com documentos importantíssimos. – E no caso que se refere a administração dos Estados? “O Norte do Brasil está sendo bem administrado.” –O povo nortista julga seu dever vangloriar-se pelos administradores que possui. É bem verdade que se sentem os efeitos de um enorme tufão que por ali passou. Mas, nos dias de agora, tudo marcha admiravelmente. No Pará, o Dr. Lauro Sodré tem dado provas da sua fecunda e honesta orientação nos negócios públicos. O Estado encontra-se em situação de franca prosperidade, caminhando os ramos da administração pública da melhor forma possível. O mesmo sucede no Amazonas, onde o Dr. Alcântara Bacellar corresponde magnificamente a confiança do povo. Nos demais Estados o mesmo se observa, o que importa em dizer que o Brasil caminha para um futuro grandioso e sublime. –E a política? –A minha missão não me permitia emaranhar-me. Mas, com os políticos com quem conversei largamente, só ouvia de seus lábios o interesse máximo pelo sucesso da minha viagem. É que todos são bons brasileiros e só amam o engrandecimento da nossa Pátria, sobretudo. “A feição que terá o trabalho de Rocha Pombo.” –Mas Dr. Como pretende dividir o trabalho? –Tratarei da História do Brasil, desde as eras coloniais, a Independência e principalmente a fase republicana. Nesse sentido consegui documentos de rara preciosidade. Julgamos, porém, não dever mais fatigar o eminente historiador. S.S., mal regressou do norte, já tem organizada sua viagem ao sul do Brasil, aonde vai animado do mesmo intuito. Sua partida, no entanto, depende tão só de organizar, ou melhor, coligir os documento que o norte lhe forneceu. Proximamente o Dr. Rocha Pombo reunirá, em sua residência, os representantes da imprensa carioca, a quem não só mostrará os documentos que trouxe, como também oferecerá uma taça do precioso Guaraná. 1977/30/02. (A Época-Rio de Janeiro).

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

FERNANDO AMARO DE MIRANDA
Novembro, mês de finados, também o foi do simples e modesto poeta Fernando Amaro de Miranda, criatura digna e respeitável, que deixou o rol dos vivos num dia triste, como triste foi sua alma.
Retratá-lo, não é muito fácil.
Entretanto, o morretense José Gonçalves de Moraes de tradicional família, em um artigo publicado em 1887, disse, com bastante eficiência:
“Conheci, pessoalmente, Fernando Amaro. Eu tinha, quando ele morreu, mais ou menos seis anos de idade; mas lembro-me perfeitamente do seu todo, porque ele frequentava assiduamente a nossa casa. Era alto, elegante; tinha a tez rosada e usava toda a barba, que era negra. Um moço bonito de figura e de maneiras simpáticas. Gostava muito de conversar, rir, brincar e dançar com moças. Sabia preparar uma “soirée” prestando-se com muito gosto para arranjar a sala, fazer convites e distribuir o chá. Foi ele quem enfeitou a sala de nossa casa para o baile oferecido ao Dr. Zacarias de Góis e Vasconcelos, quando este cidadão veio inaugurar a nossa Província. Apesar do Presidente ter passado por Antonina, o baile realizou-se, a instâncias de Fernando Amaro, em Morretes”.
“O dia de sua morte foi de imenso pesar para a população da então Vila de Morretes. Ele era, ali, extremamente benquisto e estimado. Ninguém acreditava em tão triste acontecimento. Morreu em casa de um seu íntimo amigo, Vicente Loyola. Muitos anos depois, achou-se, nessa casa, em um caixote aberto, entre papéis velhos e sem valor, três manuscritos seus; sendo dois cadernos de versos e um caderno contendo um começo de drama. Tive os três cadernos em meu poder, durante muito tempo e hoje estão na Biblioteca Pública de Curitiba, para onde os mandei no fim da administração “Taunay” (Presidente Dr. Alfredo d’Escragnole Taunay), juntamente com alguns livros”.
“Fernando Amaro publicou muitas de suas produções, prosa e verso, em um pequeno jornal que havia em Santos”.
Em outro artigo, também publicado, escreveu o Sr. J. Moraes:
“Acho que há engano na data da morte de Fernando Amaro, porquanto, no dia 15 de novembro de 1857, o Juiz Municipal respectivo expediu uma portaria ao escrivão, Santos Souza, mandando-o intimar a Vicente Ferreira de Loyola para prestar juramento de inventariante dos bens desse finado, e, a Antonio Gonçalves do Nascimento e José Antonio de Medeiros para depositários dos mesmos bens”.
“A ter, Fernando Amaro, falecido nesse dia, é preciso confessar que houve demasiado zelo e pressa em se tomar essas providências”.
“Sou de opinião que ele faleceu no dia 14 de novembro de 1857
e sepultado no dia 15; o que é confirmado pelas datas das contas de despesas para o seu funeral, que têm, 15 de novembro de 1857, e não podiam nem deviam ser prestadas no mesmo dia do falecimento”. 

“Entre os seus bens arrecadados, incluindo as mercadorias do seu negócio, figuram: “Um Parnaso Lusitano”, uma “Mitologia”, uma arte poética, um livro dos amores, duas revistas mensais (Acayaba), um livro de ciências, cinco livros escritos contendo obras do mesmo”. “O lote composto de um volume de poesias (Pulsações de minha alma) e de um drama em 4 atos e um quadro, Triunfo dos Agredidos, foi avaliado por 20$000 e arrematado em praça pública por Rs 51$000 por Antonio Luiz Gomes, velho rábula que aqui havia, conhecido pela alcunha de Manêta. O bilhete de depósito na Coletoria desta Vila, da quantia de Rs 51$000, importância do lote arrematado, diz assim: O Sr. Antonio Luiz Gomes depositou nesta Coletoria a quantia de Rs 51$000, proveniente de gêneros que arrematou, pertencentes ao espólio de Fernando Amaro de Miranda”. “Seu espólio montou em Rs 2.254$480 (dois contos duzentos e cinquenta e quatro mil e quatrocentos e oitenta réis).

O poeta fumava charutos e tinha bonita letra. Era negociante a varejo, no Largo da Parada e tinha casa de comissões. Parece, entretanto, que nunca fez coisa alguma, porque, em vez de cuidar do seu balcão, e de agradar a freguesia, cuidava mais de conviver com as “musas” e de agradar as moças bonitas... porque era apaixonado por bailes. Era também secretário da Câmara Municipal de Morretes. Gostava de passar bem e vestia-se corretamente à moda do tempo”.
“A última vez que o vi, poucos dias antes de sua morte, vestia com elegância, calça, colete e fraque de linho branco, e calçava sapatos de verniz, muito novos. Nessa ocasião, tratava de arranjar uma “soirée” para essa noite e pedia a meu pai que lhe cedesse a casa para tal fim. A “soirée” realizou-se e, durante ela, Fernando Amaro esteve alegre, expansivo como costumava e dançou muito. Antes disso, tratando de obter doces para o chá, ele fez rir aos que o ouviam, dizendo com graça: doces para as moças e bolachas para os homens.”
“Insisto nestas particularidades e minúcias, apenas para provar que Fernando Amaro, em vez de ter o espírito taciturno e frio, como talvez alguém julgue, era galhofeiro, espirituoso e pândego, como hoje se diz”.
Nestor Vitor, escrevendo uma vez, cm 1887, qualquer coisa sobre o poeta paranaense, disse:
“Sobre Fernando Amaro, as informações que tenho são bem poucas, quase todas extraídas dos seus versos”. “Sei que ele era paranaense, que foi guarda livros, que aqui esteve, e esteve em Morretes, em Curitiba, e que morreu moço ainda”. Além disso, não ignoro que ele teve amizade íntima com um José Vitorino da Silva Azevedo, de quem eu possuo um volume de versos chatos, volume já um tanto dilacerado. “Este José Vitorino foi, em seus tempos, muito acatado aqui pela Província, onde casou-se, segundo se infere de uma poesia a ele oferecida pelo nosso Miranda. “Era português, segundo consta-me, tinha seu verniz artístico, e foi de certo devido a ele que o Fernando pôde ler o Castilho, o Soares dos Passos, o Bulhão Pato e outros que de vez em quando cita. “É, pouco mais ou menos, o que sei; mas é fácil o caminho para chegar-se adiante. “Ele ofereceu versos ao José Pinheiro, ao Comendador Alves de Araújo (a este muitos) e a outras pessoas que já não vivem: mas destes que ainda podem falar, poder-se-ia colher larga notícia e, quiçá, o seu retrato”.
O poeta, em seus versos, queixa-se constantemente de não ter tido estudos, nem convívio que lhe fosse útil, dizendo que escreve “por gosto” e não para “passar por vate”.
Eis aí o que pudemos colher, através de novas pesquisas, sobre o primeiro poeta paranaense, que nasceu a 24 de junho de 1831 e deixou este mundo no ano de 1857, aos 14 de novembro. na vizinha cidade de Morretes, com apenas 26 anos de idade, levando
para o túmulo o seu incompreendido amor (segundo várias crônicas, com muitas controvérsias).
Morreu, FERNANDO AMARO DE MIRANDA, como quase todos os poetas, moço, deixando aos pósteros os seus tristes e sentidos versos cheios de tanta mágoa. Nas suas poesias, ele sempre extravasou o que lhe ia na alma insatisfeita, contrariamente à vida que levava na sociedade morretense em que se criou (através da fonte fidedigna do velho e honrado Sr. J. Moraes).

Biografia de João Negrão III


1833- 19 de dezembro: João de Souza Dias Negrão (III) nasce no São João da Graciosa, em Morretes, sendo seus pais, o Capitão João de Souza Dias Negrão (II), “O Velho” natural de Portugal, que foi negociante no atacado de fazendas, armarinhos e madeiras, e de Rita Maria Lustoza de Andrade Negrão, filha do Sargento-Mor Ignácio Lustoza de Andrade.
Como a maioria dos homens de seu tempo, só tinha o curso primário. Tudo quanto conquistou foi à custa de grande força de vontade.
João Negrão foi um desses heróis anônimos. Desses que se sacrificam silenciosamente e com satisfação pelo bem estar dos entes que lhe são caros.
Um dos fatos mais marcantes de sua vida foi o de zelar pela sua família, a partir de seus quinze anos. Seu pai cegara. Com amor e carinho desempenhou os deveres de bom irmão e de filho extremoso. Tudo fez pela instrução e educação dos tenros irmãos.
Casado com Maria Francisca da Luz Negrão, filha do Capitão Manoel Cordeiro Gomes e de sua mulher Maria Francisca da Luz Gomes. Filhos: Francisco de Paula Dias Negrão, casado em 20 de julho de 1895, com Astrogilda Serra de Sant’ Anna Negrão; João, falecido em criança; João de Souza Dias Negrão (IV), falecido em criança, aos 11 anos; Tenente José de Souza Dias Negrão; Octávio, falecido em criança, com 11 meses; Álvaro, falecido em criança, com 16 dias; Antonio, falecido em criança, com um dia; Maria Francisca da Luz Negrão Filha (Nenê), casada com seu primo irmão Capitão Ricardo de Souza Dias Negrão Filho; Eugênio, falecido com 8 anos; Maria, falecida com 4 dias; Esther da Luz Negrão, segunda mulher de seu cunhado Ricardo Negrão Filho.  
Exerceu vários empregos públicos nos quais teve a ocasião de prestar inestimáveis serviços ao Estado e ao País, sendo: Em 1852, com 19 anos de idade, Escrivão do Juiz Municipal de Curitiba; nesse mesmo ano foi nomeado 2° Tabelião de Notas de Curitiba; em 15 de março de 1855 foi nomeado interinamente Administrador da Agência de Itararé e, transferido a pedido, para Coletor da Vila do Príncipe, hoje Lapa; em 9 de junho de 1855 foi nomeado Administrador Interino da Barreira do Rio do Pinto, em Morretes; Oficial da Secretaria de Governo em 27 de agosto de 1856 tendo pedido demissão deste cargo em 9 de março de 1857; em outubro de 1858 foi nomeado Escrivão da Coletoria da Capital, cargo que exerceu até 20 de fevereiro de 1860; logo depois foi nomeado Secretário da Repartição Estatística, sendo em 1863 adido a Secretaria de Governo; em 9 de junho de 1863 foi nomeado Escrivão do Registro de Rio Negro, cargo que não chegou a exercer por haver sido nomeado em 24 de agosto de 1863 escrivão da Barreira da Graciosa; em janeiro de 1864 assumiu interinamente o lugar de Administrador da Barreira, cargo em que foi efetivado até aposentar-se em 1877. Depois de aposentado ainda exerceu o cargo de Inspetor Escolar no Porto de Cima, no qual prestou muitos serviços a causa da instrução. Foi também Deputado a Assembléia Provincial.
Todas essas funções foram exercidas com solicitude e civismo, zelo e honestidade.
Político moderado, justo e generoso. Foi membro preeminente do Partido Conservador. Quando exerceu o mandato de Deputado a Assembléia Provincial muito lutou pela difusão do ensino primário.
Deixou em seu livro de lembranças, bonitas páginas as quais deixam transparecer a beleza moral do seu caráter.
Faleceu o Capitão João Negrão, em 2 de abril de 1887, sendo a sua morte muito sentida, tal era a consideração e alta estima de que gozava entre seus compatriotas.
Foi o Capitão João Negrão um filho exemplar, um esposo digno, um amantíssimo pai, um irmão de dedicado e um amigo leal.
Que a mocidade de hoje saiba seguir os exemplos proveitosos daquele grande coração.
Uma das principais artérias viárias de Curitiba, a antiga Rua Rio Paraná, leva o nome desse ilustre morretense.

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

07 DE AGOSTO DE 1916


1916-7 de agosto: Pelo Decreto nº 16 o Congresso Legislativo do Estado do Paraná cria duas escolas em Morretes. Uma no Marumbi e outra no Barro Branco. 182/3/03.
1858-7 de agosto: O Presidente da Província do Paraná concede ao Alferes da Guarda Nacional de Morretes, Joaquim Severo Correia, 3 meses de licença para tratar de seus negócios no Rio de Janeiro. 37/1/01.
1858-7 de agosto: Tendo sido ordenado pelo Meritíssimo Sr. Dr. Juiz de Direito desta Comarca, Raymundo Ferreira de Araújo Lima, ao abaixo-assinado, que desse de esmola a quantia de oito mil e oitocentos réis que lhe tocou no Processo Crime de José Roberto Baptista, a alguma pessoa necessitada, e como ao abaixo-assinado lhe parece que a Sra. Maria Alexandrina da Silva está no caso, e ainda mais por acompanhar-lhe uma grande enfermidade, muito bem conhecida pelos habitantes desta Vila, por isso rogo-lhe Sr. Redator, queira inserir no seu conceituado jornal o recibo que ao abaixo-assinado passou a referida Senhora. Morretes, 26 de julho de 1858. Joaquim Antônio dos Santos Souza. Recibo. Recebi do Sr. Joaquim Antônio dos Santos Souza, Escrivão do Juízo Municipal desta Vila, a quantia de oito mil e oitocentos réis, em moeda corrente, por esmola, que mandou dar o Ilmo. Sr. Dr. Juiz de Direito desta Comarca, Raymundo Ferreira de Araújo Lima, que pertenceu as custas no Processo Crime de José Roberto Baptista, segundo me foi declarado pelo mesmo escrivão. E por ser verdade pedi a José Cordeiro de Miranda, que passasse o presente recibo e por mim assinasse, em presença das testemunhas José Antônio Neves Pinto e Manoel Francisco Grillo, em presença das mesmas recebi a dita quantia supra. Morretes, 26 de julho de 1858. Assino a rogo da Sra. Maria Alexandrina da Silva, como testemunha do expendido, José Cordeiro de Miranda, José Antônio Neves Pinto, Manoel Francisco Grillo. 37/1/04. 
1858-7 de agosto: O Presidente da Província do Paraná concede reforma no Posto de Tenente, ao Tenente da Guarda Nacional de Morretes, José Gonçalves Cordeiro. 38/1/01.

08 DE AGOSTO DE 1961

1961-8 de agosto: Iate Clube de Morretes. Realizou-se sábado em Morretes, na Sociedade Beneficente e Recreativa dos Operários, um baile promovido pelo Iate Clube de Morretes e que teve como atração a escolha da Rainha da Primavera de 1961. Às 24 horas realizou-se um concurso de valsas, com prêmios aos primeiros colocados. A orquestra “Tupi” cadenciou as danças. 59/11.

09 DE AGOSTO DE 1898

1898-9 de agosto: Edgar Poe. Acha-se há dias exposto na vitrine da Casa Comercial do Sr. Eduardo moura, à Rua XV de Novembro, um bem lançado retrato de Edgar Poe. O suntuoso trabalho é devido ao adestrado lápis de Silveira Netto, que ainda desta vez revelou os seus soberbos dotes de artista. Silveira Netto imaginou-o destacado das suas misteriosas e austeras criações, fazendo do quadro uma brilhante síntese de “O Corvo”, onde avulta “o aveludado, triste, vago remexer das cortinas purpúreas que fazia-o estremecer e o enchia de terrores até então desconhecidos” por aquela estranha visita, que pousada no busto de Pallas, soturna e negra, de vez em quando murmurava: Lenora!... E nada mais... É bem digna de atenção essa bela obra, a mais original por certo, que em seu gênero tem produzido os ateliers paranaenses. A Silveira Netto as nossas mais sinceras felicitações. 172/3/01.

09 DE AGOSTO DE 1871

1871-9 de agosto: A Presidência da Província do Paraná, pela Lei nº 236, de 13 de abril de 1870, querendo estabelecer uma medida certa para a cobrança do pedágio, autorizou o governo a dividir as barreiras existentes e criar as que julgasse conveniente para melhorar a arrecadação da taxa. Em virtude desta autorização foi expedido o Regulamento de 9 de agosto que divide em 4 a Barreira da Graciosa e criou outra no ramal de São João a Porto de Cima. 1224/1/02.

terça-feira, 2 de agosto de 2016

CÍCERO GONÇALVES MARQUES

Cícero Gonçalves Marques, filho do Coronel Manoel Gonçalves Marques e de Rita de Loyola Marques, nasceu em Morretes. Casado com Hernestina Marques, filha do Capitão João Gonçalves Marques e de Leopoldina Leoniza de França.
          Cícero foi político de prestígio na Vila do Porto de Cima. Exerceu o mandato de Deputado Estadual, Juiz Distrital e Suplente de Juiz Seccional, chegando a exercer interinamente o cargo de Juiz Seccional Federal e de Prefeito da Capital paranaense, com Mandato de 1896 a 1900.
Industrial da erva-mate no Porto de Cima, Coronel Comandante da Guarda Nacional na Guerra do Paraguai, natural de Morretes/PR, foi o 1º Prefeito eleito de Curitiba a cumprir os quatro anos de mandato. Disputou a eleição com o Presidente da Câmara e Prefeito interino Jorge Germano Meyer, conquistando a cargo com uma votação expressiva de 1.152 votos a seu favor contra 51 de seu adversário.
Após assumir a Prefeitura, criou o Conselho de Saúde Pública, o cargo de engenheiro da Câmara Municipal e determinou que os terrenos dentro da área urbana fossem cercados, cumprindo a lei das posturas. Construiu o Prédio do Matadouro Municipal, comprou equipamentos para o Passeio Público e prolongou as ruas XV de Novembro e Marechal Deodoro, para melhorar o trânsito de veículos, também mandou construir o muro do Cemitério Municipal São Francisco de Paula.
No final de 1897, por motivo de saúde, o prefeito Cícero foi substituído pelo Presidente da Câmara e Vereador Manoel José Gonçalves, que após assumir o cargo teve vários problemas, principalmente o fechamento da única empresa funerária da cidade, que não concordava com o enterro grátis dos indigentes, obrigando o prefeito a conceder licença para outra empresa funerária atuar na cidade.
Nesta época o tráfego já preocupava a prefeitura, que proibiu os automóveis de circular acima de 10 quilômetros por hora.
Após se restabelecer e retornar a prefeitura, Cícero Gonçalves Marques comprou a usina energética da Companhia de Água e Luz de São Paulo, para enfrentar o problema da constante falta de luz em Curitiba.
Em 1898 afastou-se novamente por problemas de saúde, sendo substituído durante alguns meses pelo Vereador Paulo França, retornando logo a cargo. Em 1900 transmitiu o cargo ao novo prefeito eleito Luiz Xavier.
Sua esposa foi uma das legatárias de seu tio Tristão Martins de Araújo França, que em seu testamento a contemplou com Rs 500$000 (quinhentos mil réis) e também com a mesma quantia a sua irmã Maria. Deixou também Rs 1.000$000 (um conto de réis) a sua irmã Leopoldina Leoniza de França Marques; Rs 3.000.000 (três contos de réis) ao seu afilhado Dr. Nilo Cairo da Silva e Rs 200$000 (duzentos mil réis) a cada uma das igrejas e ao Hospital de Paranaguá.


EWALDO KRÜGER

Filho de Germano e Anna Von der Osten Krüger, nasceu em Morretes, em 28 de setembro de 1869. Aos seis anos de idade, transferiu-se, em companhia de sua família, para Florestal. Cursou as primeiras letras na escola de Florestal, tendo sido aluno do professor Alexandre José Fernandes Rouxinol.
Como resultado de sólida educação herdada do pai e da formação adquirida em boas escolas, aliadas à sua força de vontade, tornou-se engenheiro mecânico de nomeada nacional.
Funcionário da Rede de Viação Paraná-Santa Catarina, na cidade de Ponta Grossa, Paraná, em 1906, então Chefe da Locomoção daquela ferrovia, o engenheiro Ewaldo Krüger põe em funcionamento a sua obra-prima, o automóvel de linha ferroviária movido a vapor, construído nas oficinas da mencionada ferrovia. Transcrevemos, adiante, os detalhes desse invento, o único no gênero, extraídos de seu livro “Vencendo Rampas”:
“No fim de 1906, havia eu construído um automóvel a vapor, trabalho feito nas horas vagas e com os precários recursos de que dispunha. Essa máquina conduzia seis passageiros, além do maquinista e do foguista. Esse automóvel de linha prestou relevantíssimos serviços à Estrada de Ferro.”
O locomóvel, conhecido por “HILDA”, por volta de 1935, foi reformado e aperfeiçoado na oficina onde se originou, vindo a ser desativado em 1963. Atualmente, encontra-se em exposição no Museu Ferroviário em Curitiba. Escreveu em 1937 o livro “Vencendo Rampas”, hoje muito raro.

Após brilhante e dedicada carreira que culminou com a Chefia Geral da Locomoção da Rede de Viação Paraná-Santa Catarina e da Viação Férrea do Rio Grande do Sul, em Santa Maria da Boca do Monte, Ewaldo Krüger aposentou-se aos 7 de março de 1928.

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

FAMÍLIA MALUCELLI

A família Malucelli, hoje com quase quatro mil membros, chegou ao Estado do Paraná em 1877. Nesta época, 125 anos atrás, Giovanni e sua esposa Margherita decidiram deixar a pátria de origem para aventurar-se numa vida nova, num país distante, atraídos pelas notícias recebidas de outros compatriotas que aqui já estavam. Deixaram para trás uma vida estabilizada na Itália encontrando um novo mundo de inúmeras dificuldades.

Da Itália, Giovanni e Margherita chegaram com seus oito filhos; mais tarde Margherita já viúva conseguiu trazer mais dois sobrinhos. Giovanni faleceu depois de dois anos de quando aqui se estabeleceu e a matriarca Margherita conduziu com pulso forte a criação e  orientação dos oito filhos.


Da Itália a família era ilustre, estando inscrita no Bairro de Ouro do antigo Ducado de Ferrara. Os descendentes atuais, legítimos e naturais, podem reivindicar pela reconstituição da árvore genealógica da própria família, o título de Nobre ferrarense, podendo também usar o brasão da família nobre, o que demonstra a antiguidade e distinção de sua linhagem.

A família Malucelli chegou ao Brasil no porto de Paranaguá em 1o. de abril de 1877 e instalou-se primeiramente em Alexandra, litoral paranaense, local bem diferente que imaginava Giovanni. Depois do falecimento de Giovanni, Margherita transferiu-se para Morretes, também zona litorânea do estado, precisamente na Colônia Nova Itália, no Sítio Grande, onde a matriarca comprou um lote.

NOVO BLOG DO HISTORIADOR ERIC J, HUNZICKER

Está no ar o novo blog do historiador morretense Eric J. Hunzicker.


Eric Joubert Hunzicker é membro efetivo da Academia de Letras José de Alencar. Eric também já foi Vereador em Morretes, na legislatura 1973/1976, Secretário Municipal de Cultura, além de ser Cidadão Honorário Morretense. Há outras láureas que poderiam ser mencionadas, mas a maior delas é a sua eterna paixão ao contar a história de sua querida Morretes.