1890-15 de janeiro: Ineditorial. O Centro Republicano de
Morretes aos Seus Correligionários. Uma falsa compreensão dos intuitos do
Partido Republicano de Morretes, representado pelo seu Centro Diretor, onde
figuram membros dos dois antigos partidos, Liberal e Conservador, tem dado
margem a comentários pouco dignos, dizendo-se, entre outras coisas, que esse
partido faz oposição ao governo deste Estado. É uma falsidade. Da redação das
duas primeiras atas de reunião, cujas cópias foram enviadas ao digno Governador
deste Estado, vê-se exuberantemente que o Partido Republicano deste município
põem-se ao lado do venerando cidadão, pronto a concorrer, quando em si couber,
para a solução dos variados e complexos problemas de progresso, do adiantamento
e do bem estar deste futuroso Estado. Na política larga que cabe aos atuais
diretores do movimento ascensional da Pátria, na estrada aberta por onde seguem
os que tomaram a si o encargo de felicitar o nosso país, o Centro Diretor do
Partido Republicano de Morretes, sem paixões, despido de antigos preconceitos,
fora de intrigas pequeninas, há de seguir intemerato, porque sente em si mesmo
a força necessária, a prudência precisa, a altivez que enobrece, para
colaborar, na medida de sua atividade, na tarefa ingente do progresso deste
Estado, sem olhar a sacrifícios, sem poupar esforços, ser temer obstáculos. Não
o intimidarão as armas que lhe forem apontadas, e os políticos honestos, os
ambiciosos de glórias legítimas e merecidas, os patriotas sinceros, hão de
vê-los a seu lado quando for ocasião oportuna. Manejar contra o Centro Diretor
do Partido Republicano de Morretes, as armas ignóbeis da intriga e da calúnia,
é perder tempo: porque ele conta consigo, com as suas forças, com a sua vontade
inabalável, com aqueles que o elegeram e finalmente com os prosélitos que o seu
patriotismo e a sua isenção lhe poderem angariar. Na faina gloriosa de preparar
os elementos da grandeza deste Estado, os Republicanos de Morretes irão pedir
meças de valentia aos que mais valentes foram. No terreno baixo da política
pequena e estéril é que ele não poderá ser encontrado. Os homens que assinaram
a ata da sua primeira reunião, há muitos anos conhecidos no Estado inteiro e
que respondem por seus próprios nomes, são o penhor seguro dos seus nobres
intuitos, da sua grande isenção partidária. Nenhum deles é candidato a empregos
públicos, nenhum deles tem parentes que os necessitem. Esta é a sua força. Se
outros merecimentos lhes faltassem, este predicado seria bastante para
salientar-lhes a independência. O Centro
Diretor do Partido Republicano de Morretes, rompendo todos os laços que o
prendiam aos antigos partidos, prestará seu apoio desinteressado a quem for
digno de merecê-lo, a quem, como ele quer trabalhar com afinco na consolidação
da República em nossa pátria e para adiantamento deste Estado. Sem compromissos
tomados, sem intenções preconcebidas, a não ser a colaboração efetiva no
trabalho árduo, mas glorioso, de ser útil a pátria, ele descansa na sua
firmeza, aguardando o momento de levantar-se para a tarefa, dentro da órbita da
lei, dentro do programa que a si mesmo traçou, de fazer a política larga que se
coaduna com os interesses vitais deste Estado, e com os seus próprios
sentimentos de isenção partidária. Fora deste largo círculo não será
encontrado, nem com ele se chocarão os interesses inconfessáveis e as ambições
descabidas. Morretes, 10 de janeiro de 1890. O Presidente, Joaquim José Alves;
O Vice, Antônio Polidoro; O Secretário, José Gonsalves de Moraes; Os Diretores:
Rômulo José Pereira, Arsênio Gonçalves Cordeiro, Luiz Ventura Rodrigues, Manoel
Francisco Grillo Júnior. 04/1/02.