O HISTORIADOR MORRETENSE - ERIC J. HUNZICKER

segunda-feira, 6 de março de 2017

IGREJA DE SÃO BENEDITO
Livro Tombo Histórico
Inscrição Tombo 86-II
Processo Número 85/84
Data da Inscrição: 13 de julho de 1.985
Localização:
Município: MORRETES
Rua Praça Benedito Antunes de Oliveira
Proprietário: Particular - Mitra Diocesana de Paranaguá
HISTÓRICO
         Em 1760 foi fundada em Morretes a Irmandade de São Benedito reunindo, conforme rezam seus estatutos, “pretos, escravos e administradores e pessoas livres que por suas devoções quiserem pertencer a ela sem distinção de sexo ou idade, com tanto que professem a religião Católica Romana, tendo por fim festejar anualmente ao Glorioso São Benedito no dia 25 de Dezembro”.
          Embora tenha se perdido quase toda a documentação da irmandade, em uma enchente da década de 1960, os livros que sobreviveram permitem levantar sua história a partir do ano de 1860. Entre 1865 e 1895 são construídos a capela e o cemitério, com grande dificuldade por corresponder, na região, a um período de decadência econômica.
         Compõem-se sua arquitetura do esquema edificado mais simples da tradição religiosa: nave, torre-sineiras e capela-mor. A construção é de alvenaria mista, pedra e tijolo, com cobertura em duas águas com telhado em beira-e-bica.

Internamente o maior interesse esta no altar-mor, com um grupo de imagens de diferentes épocas, sobressaindo-se entre todas, a do padroeiro, o “glorioso São Benedito”.

Bens Tombados em Morretes
Livro Tombo Histórico
IGREJA DE NOSSA SENHORA DA GUIA E
SÃO SEBASTIÃO DE PORTO DE CIMA
Inscrição Tombo 3-II
Processo Número 222-03/63
Data da Inscrição: 14 de março de 1.963
Localização:
Município: MORRETES
Rua - distrito de Porto de Cima - Morretes
Proprietário: Particular - Mitra do Arcebispado

HISTÓRICO
A Igreja de São Sebastião ergue-se em frente à praça principal de Porto de Cima, localidade às margens do Rio Nhundiaquara, a seis quilômetros da sede do município de Morretes. A História de Porto de Cima remonta ao início do século XVIII, com a garimpagem de ouro nos aluviões do Nhundiaquara. Na segunda metade do século, Porto de Cima ganhou maior expressão devido ao papel desempenhado pelo rio no transporte entre o litoral e o planalto. Em 1779, a fim de dar atendimento religioso à população local, o tenente-coronel Dom Afonso Botelho de Sampaio e Souza e o capitão Antonio Rodrigues de Carvalho projetaram e iniciaram a construção de uma capela sob a invocação de Nossa Senhora da Guia e de São Sebastião. Na primeira metade do século passado, a região, devido às facilidades de transporte e de força motriz oferecida pelo rio passou a abrigar engenhos hidráulicos de beneficiamento de erva-mate – produto que assumiria grande importância no mercado internacional, devido a problemas de ordem política na região platina. Com o crescimento populacional da localidade fez-se necessário ampliar a capela, recebendo seus zeladores, na década de 1840, autorização para os devidas obras. A transferência dos engenhos ervateiros para o planalto e a construção da ferrovia ligando-o ao litoral vão esvaziar economicamente Porto de Cima, iniciando-se sua decadência, afetando, inclusive, a reforma da capela, cujas obras se arrastaram por quase meio século.
          A igreja de Porto de Cima revela externamente as duas etapas de sua história, pois na ampliação feita no século passado a antiga capela passou a ser a capela-mor da igreja.
          Como a primeira igreja era aberta para o lado oposto, sua fachada, de principal passou a fundos, fazendo com que a igreja ficasse dotada de dois frontispícios – o antigo e o novo, solução que motivou em 1874 uma solicitação da comissão encarregada das obras, ao presidente da província, no sentido de ser autorizada a demolição do corpo da igreja pela falta de proporção e simetria do conjunto, obra que não chegou a ser executada.
         As duas fachadas são hoje um testemunho da história local. A original correspondendo á fase áurea de Porto de Cima, é mais rica: o partido tradicional, de frontão triangular, é ornamentado por um par de volutas, de desenho típico do século XVIII, sobrepostas ao seu ápice. Pináculos balizam os três pontos do ático e um cordão denticulado borda os lados. O retângulo dessa fachada é emoldurado por cunhais de seção semicircular. A porta de entrada foi provavelmente entaipada, havendo hoje um único vão nessa fachada – uma janela retangular. Lateralmente, foi construída a sacristia, com o comprimento da antiga capela. Seus vãos de janelas, em arco pleno, datam da Segunda metade do século passado. A fachada atual, extremamente simples, compõe-se de um retângulo, vazado por uma porta de verga reta e um par de janelas de arco pleno, e coroado por um frontão triangular. Os únicos adornos são os pináculos laterais, de desenho e feitura rudimentares. Ladeia o frontispício uma pequena torre de vãos em plena volta e zimbório piramidal, que pela desarmonia que apresenta em relação à nova fachada deve Ter sido erguida em época mais recente.

          Internamente, não há elementos artísticos valiosos, tendo sido o edifício vítima de muitas reformas desfigurantes, cujas conseqüências foram, em parte, atenuadas por trabalhos de restauração realizados após seu tombamento.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Revista “Illustração Paranaense”. Número 1, de novembro de 1927.
O RIO DA MINHA TERRA.
Quando eu era criança, meu pai sempre dizia: “menino... Não vás a beira do rio. Ele te mata...”
Eu ficava arrepiado de medo!
A morte, para os meus cinco anos, era uma coisa enorme, feia, parecida com o Caapora!
Gostava de admirar o Nhundiaquara!... Sempre ao longe... Temia o perigo de suas águas revoltas e cheias de Duendes... Extasiava-me ante o revoar rastejante das andorinhas, que faziam acrobacias no palco irrequieto do rio da minha terra!
* * *
Os meus amigos de meninice, todas as tardes iam tomar banho, nadar... Nunca os acompanhei... Ficava olhando-os de longe... Invejava-os.
Ambicionava-lhes a coragem...
Mas, logo vinha a minha ideia a figura grotesca do Caapora, que tudo matava, tudo arrasava, tudo comia!
O Nhundiaquara foi o fantasma da minha infância!...
Agora que já se passaram quinze anos, o rio da minha terra me parece mais bondoso, mais calmo, mais amigo...
Os ingazeiros curvam seus galhos enflorados para beijar suas águas balouçantes...
E elas são tão claras e transparentes, que deixam ver lá no fundo arenoso os malabarismos dos peixes buliçosos...
Não faz mal a ninguém, o meu pobre rio...
Antigamente em seus ombros, passavam ouro, riquezas imensas, que iam até o Itiberê!...
Hoje tudo acabou... A locomotiva furtou o seu entusiasmo...
* * *
Mas, à noite, as estrelas descem do firmamento para conversar com o rio da minha terra!
O seu marulhar é suave, Calmo, Bondoso, Santo.

E eu tenho a impressão de que o Nhundiaquara é um pedaço de céu que rolou do infinito, para que nós pudéssemos estar mais próximos de Deus!... ODILON NEGRÃO

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

PARTIDO REPUBLICANO DE MORRETES
1890-15 de janeiro: Ineditorial. O Centro Republicano de Morretes aos Seus Correligionários. Uma falsa compreensão dos intuitos do Partido Republicano de Morretes, representado pelo seu Centro Diretor, onde figuram membros dos dois antigos partidos, Liberal e Conservador, tem dado margem a comentários pouco dignos, dizendo-se, entre outras coisas, que esse partido faz oposição ao governo deste Estado. É uma falsidade. Da redação das duas primeiras atas de reunião, cujas cópias foram enviadas ao digno Governador deste Estado, vê-se exuberantemente que o Partido Republicano deste município põem-se ao lado do venerando cidadão, pronto a concorrer, quando em si couber, para a solução dos variados e complexos problemas de progresso, do adiantamento e do bem estar deste futuroso Estado. Na política larga que cabe aos atuais diretores do movimento ascensional da Pátria, na estrada aberta por onde seguem os que tomaram a si o encargo de felicitar o nosso país, o Centro Diretor do Partido Republicano de Morretes, sem paixões, despido de antigos preconceitos, fora de intrigas pequeninas, há de seguir intemerato, porque sente em si mesmo a força necessária, a prudência precisa, a altivez que enobrece, para colaborar, na medida de sua atividade, na tarefa ingente do progresso deste Estado, sem olhar a sacrifícios, sem poupar esforços, ser temer obstáculos. Não o intimidarão as armas que lhe forem apontadas, e os políticos honestos, os ambiciosos de glórias legítimas e merecidas, os patriotas sinceros, hão de vê-los a seu lado quando for ocasião oportuna. Manejar contra o Centro Diretor do Partido Republicano de Morretes, as armas ignóbeis da intriga e da calúnia, é perder tempo: porque ele conta consigo, com as suas forças, com a sua vontade inabalável, com aqueles que o elegeram e finalmente com os prosélitos que o seu patriotismo e a sua isenção lhe poderem angariar. Na faina gloriosa de preparar os elementos da grandeza deste Estado, os Republicanos de Morretes irão pedir meças de valentia aos que mais valentes foram. No terreno baixo da política pequena e estéril é que ele não poderá ser encontrado. Os homens que assinaram a ata da sua primeira reunião, há muitos anos conhecidos no Estado inteiro e que respondem por seus próprios nomes, são o penhor seguro dos seus nobres intuitos, da sua grande isenção partidária. Nenhum deles é candidato a empregos públicos, nenhum deles tem parentes que os necessitem. Esta é a sua força. Se outros merecimentos lhes faltassem, este predicado seria bastante para salientar-lhes a independência.  O Centro Diretor do Partido Republicano de Morretes, rompendo todos os laços que o prendiam aos antigos partidos, prestará seu apoio desinteressado a quem for digno de merecê-lo, a quem, como ele quer trabalhar com afinco na consolidação da República em nossa pátria e para adiantamento deste Estado. Sem compromissos tomados, sem intenções preconcebidas, a não ser a colaboração efetiva no trabalho árduo, mas glorioso, de ser útil a pátria, ele descansa na sua firmeza, aguardando o momento de levantar-se para a tarefa, dentro da órbita da lei, dentro do programa que a si mesmo traçou, de fazer a política larga que se coaduna com os interesses vitais deste Estado, e com os seus próprios sentimentos de isenção partidária. Fora deste largo círculo não será encontrado, nem com ele se chocarão os interesses inconfessáveis e as ambições descabidas. Morretes, 10 de janeiro de 1890. O Presidente, Joaquim José Alves; O Vice, Antônio Polidoro; O Secretário, José Gonsalves de Moraes; Os Diretores: Rômulo José Pereira, Arsênio Gonçalves Cordeiro, Luiz Ventura Rodrigues, Manoel Francisco Grillo Júnior. 04/1/02.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

MORRETES EM 1876.
1876-31 de dezembro: Colégio Eleitoral. O Colégio Eleitoral de Morretes era formado pelos seguintes números de eleitores: Freguesia de Nossa Senhora do Porto, 12; Freguesia de São Sebastião do Porto de Cima, 4; Freguesia de Nossa Senhora do Pilar de Antonina, 14. 01/29/52.
1876-31 de dezembro: Colônia de Nossa Senhora do Porto, fundada em 1876, em Morretes. 01/29/59.
1876-31 de dezembro: Funcionava como Juiz Comissário das Medições de Terras, atendendo Morretes, Porto de Cima, Paranaguá. Antonina, Guaratuba o Sr. Luiz Antônio Parigot. 01/29/61.
1876-31 de dezembro: Serviço de Diligências. Estava então em pleno funcionamento o serviço de diligências entre Curitiba, Morretes e Antonina, inaugurado em 6 de janeiro de 1876, pelo empresário Leon Bauche. As diligências partem para a marinha nos dias pares e retornam nos dias ímpares. Preço da viagem: Rs 11$000 (onze mil réis). 01/29/100.
1876-31 de dezembro: Comarca de Antonina e Morretes. Criada pela Lei nº 308 de 3 de abril de 1872 e declarada de 1ª Entrância pelo Decreto nº 4.961 de 15 de maio do mesmo ano. Compreende os termos reunidos de Antonina e Morretes, criados pelo Decreto nº 1418 de 16 de agosto de 1854. Sua população é de 12.390 habitantes. 01/29/218.
1876-31 de dezembro: Município de Morretes. Criado pela Lei de São Paulo nº 16 de 1º de março de 1841, sendo instalado a 16 de junho do mesmo ano. Esta Vila foi elevada a categoria de cidade pela Lei nº 188 de 24 de maio de 1869, com a denominação de Nhundiaquara, tornando de novo a denominação de Morretes pela Lei nº 227 de 7 de abril de 1870. Dista da Capital, 66 quilômetros (10 léguas). A renda deste município orçada para o exercício 1876/1877 em 6:531$270 (seis contos, quinhentos e trinta e hum mil e duzentos e setenta réis). 01/29/230.
1876-31 de dezembro: Autoridades Constituídas. Suplentes do Juiz Municipal: 1º Suplente, Tenente-Coronel Antônio Gonçalves do Nascimento; 2º, José Miró de Freitas; 3º, Capitão Vicente Ferreira de Loyola. Tabelião: Paulino da Silva Carrão. Delegacia de Polícia: Delegado, Alferes João José Figueira; 1º Suplente, Major Antônio Polydoro; 2º, Tenente Joaquim José Alves; 3º, Alferes Bento Gonçalves Cordeiro. Coletoria: Coletor, Major Francisco Antônio da Costa Nogueira; Escrivão, Agostinho Ferreira de Loyola; Agente do Correio: Major Francisco Antônio da Costa Nogueira. Telégrafo Elétrico: Telegrafista: João Werneck de Sampaio Capistrano. Subdelegacia: Subdelegado, Gabriel Pinto da Silva; 1º Suplente, Agostinho José Pinheiro Lima; 2º, Francisco Fernandes da Rocha; 3º Antônio de Souza Dias Negrão. Inspetor Paroquial da Instrução: José Celestino de Oliveira. Professores Públicos: Philinto Elysio Cordeiro, José Francisco da Rocha Pombo, Dª Francisca Hectória Mangin, Dª Luiza Maria Huy, Dª Guilhermina da Luz Gomes (Anhaia). Juízes de Paz: Tenente-Coronel José Celestino de Oliveira, Alferes João José Figueira, Antônio da Costa Pinto, Horácio Ricardo dos Santos. 01/29/230-233-279.
1876-31 de dezembro: Club Litterário Alpha. Fundado em 19 de novembro de 1876. 1ª Diretoria: Presidente, Filinto Elysio Cordeiro; Vice, Manoel Nogueira; Orador, Antonio D. de Barros; 1º Secretário, Manoel Ricardo do Nascimento; 2º, Annibal Cesar da Rocha; Tesoureiro, Luiz Ventura Rodrigues; Procurador, João Pereira da Fonseca. 01/29/231.
1876-31 de dezembro: Freguesia de Nossa Senhora do Porto de Morretes. Criada por Provisão do Bispo de São Paulo em 29 de abril de 1812. Tem 880 fogos e 4.889 habitantes, sendo 2.464 do sexo masculino, e 2.425 feminino. Livres, 4.423 e escravos 466. No ano de 1875 houveram 176 batizados, 35 casamentos e 158 óbitos. Vigário Encomendado: Reverendo José Jacintho de Linhares. 01/29/232.
1876-31 de dezembro: Indústria, Comércio e Serviços. Açougues: Ireno Alves de Paula, Joaquim José de Andrade. Alfaiates: Anastácio dos Santos Dindin, Benedicto dos Santos Dindin, João Antônio Guimarães. Armazéns de Líquidos e Comestíveis. Alberto Emílio Barbosa, Antônio Cândido de Fugueiredo, Antônio José Dias Paiva, Bento Antônio de Bittencourt, Caetano José da Silva Babáu, Francisco Amaro Ferreira, Ireno da Costa Pinto, Joaquim da Costa Pinto (Anhaia) Joaquim Fernandes de Amorim, Joaquim José de Oliveira, José Antônio da Nóbrega & Cia., José Fernando Luiz de Moraes, José da Fonseca Martins, Manoel Francisco Grillo, Manoel José Gomes Veiga, Manoel Ricardo do Nascimento, Moraes & Irmão, Ricardo Luiz da Cruz, Torquato Ribeiro de Macedo, Vieira da Silva & Cia. Bilhar: Moraes & Irmão. Botica: José Pedro Estanislau da Silva. Casa de Comissões: Antônio Gregório da Silva Babáu, Lima & Pereira. Engenhos de Socar Erva-Mate: Antônio da Costa Pinto, Antônio Ricardo dos Santos, Bento Fernandes Corrêa (Anhaia), Cândido Melchiades da Costa (Anhaia), Cyriaco de Oliveira Bittencourt (Anhaia), Fidelis Gonçalves Cordeiro (Anhaia), Horácio Ricardo dos Santos, Joaquim Alves de Araújo (Sítio Grande), João José Figueira (Monjolo), José Antônio Gomes (Anhaia), José Antônio Nóbrega (Ponte Alta), José Celestino de Oliveira, José Miró & Alves (Paiol), Dª Justina Rodrigues da Trindade (Anhaia), Manoel Jácomo da Cunha Veiga (Anhaia), Manoel José Massaneiro (Anhaia), Ricardo José da Costa Guimarães (Cari), Dª Rosa Maria de Lima (Monjolo), Dª Rosa Martins da Cruz. Escritórios Comerciais: José Celestino de Oliveira, Antônio Ricardo dos Santos, José Miró de Freitas. Ferrarias: Frederico Guilherme Luck, Guilherme Schultz. Guarda Livros: Antônio Domingos de Barros, Manoel Nogueira. Hotel: João Pereira Bacellar. Lojas de Fazendas: Annibal Cesar da Rocha, Antonio Dias de Paiva, Francisco Marianno Ferreira, Gabriel Pinto da Silva, Joaquim Gonçalves Veiga, João Gonçalves Maia, João de Macedo Rangel, João Negrão (Anhaia), José Ferreira de Loyola, José Pedro Estanislau da Silva, Manoel Jácomo da Cunha Veiga, Oliveira Passos & Ferreira, Pedro da Silva Arouca & Cia., Rodrigues & Cardoso. Lojas de Louça e Outros Artigos: Agostinho Machiavel (Barreiros), Antônio Júlio & Cia. Padarias: Antônio Gonçalves Cordeiro, Bazilio Miguel Pereira da Cunha, José Ferreira de Loyola. Sapateiro: Abrahão Morgensten. Tanoeiros: Augusto Bockamnn, Joaquim Lauriano da Silva, Joaquim de Paula França, José Rodrigues de Almeida. Tavernas: Antônio Pinto Cordeiro, Leandro José da Costa, Manoel Pereira da Silva (Barreiros), Miguel Ferreira de Souza, Sabino Tavares de Souza (Anhaia). 01/29/233-234-235-236-237.
1876-31 de dezembro: Morretes. Câmara Municipal. Vereadores: Comendador Antônio Ricardo dos Santos, Capitão José Ferreira de Loyola, José Gonçalves de Moraes, Bento Gonçalves Cordeiro, Anselmo Gonçalves Ribeiro, Ulysses da Costa Pinto, Pedro Alexandre Franklin, Agostinho José Pereira Lima, Francisco Fernandes da Rocha. 01/29/279.

1876-31 de dezembro: Morretes. Guarda Nacional: Comandante, Tenente-Coronel Antônio Gonçalves do Nascimento; Quartel-Mestre, Tenente Joaquim Antonio dos Santos; Cirurgião, Tenente Ricardo de Souza Dias Negrão; Secretário, Alferes Bento Gonçalves Cordeiro; Porta Bandeira, Alferes Manoel Cordeiro Gomes. 1ª Companhia: Capitão José Antônio Nobre, Tenente Antônio Sinke, Alferes José Pedro da Rocha, Alferes Joaquim Pereira. 2ª Companhia: Capitão José Ribeiro de Macedo, Tenente Fernando José de Siqueira, Alferes Manoel José de Massaneiro, Alferes Joaquim Antônio Luiz Pereira. 3ª Companhia: Capitão João de Souza Dias Negrão, Tenente Joaquim José Alves, Alferes Manoel Salustiano Gonçalves Marques, Alferes João Ferreira de Oliveira. 4ª Companhia: Capitão José Ferreira de Loyola, Tenente Francisco Luiz Ferreira, Alferes Cândido Melchiades da Costa, Alferes Antônio Vicente de Loyola. Secção de Companhia de Reserva: Cypriano José da Costa, Alferes Manoel José de Gouvêa. 01/29/237/238.
ROCHA POMBO
1950-28 de dezembro: Rocha Pombo, por Luiz Magalhães. A geração atual de brasileiros deve a José Francisco da Rocha Pombo uma parcela considerável da própria cultura, pois raros foram os que não beberam, nas páginas das suas várias obras sobre História do Brasil, os conhecimentos iniciais da vida escolar. Rocha Pombo nasceu em Morretes, no Estado do Paraná, a 4 de dezembro de 1857 e faleceu no Rio de Janeiro a 26 de junho de 1933. Era filho de Manoel Francisco Pombo e Angélica Rocha Pombo. Já aos 18 anos exercia o magistério, para o que manifestou, desde muito cedo, a mais decidida inclinação. Ensinava, inicialmente no Anhaia, subúrbio da sua cidade natal, transferindo-se após para Curitiba, onde pretendia ingressar na vida da imprensa, em que já se iniciara em Morretes, publicando vários trabalhos. Um desses trabalhos, alas, o primeiro, ao que se supõe, foi publicado na revista fluminense “A Escola” e mereceu a honra de ser transcrito em um jornal argentino. Também em Morretes, Rocha Pombo havia iniciado uma série de escritos de propaganda republicana, que adotara, entre os primeiros apologistas do novo regime. Na capital do Paraná trabalha com incrível atividade, escreve livros, colabora na imprensa diária como redator e como diretor e ensina, especialmente, história pátria. Em 1886 trabalha na “Gazeta Paranaense”, órgão do Partido Conservador, a que se encontra ligado. No ano seguinte dirige o “Diário Popular”, em 1892 é redator do “Diário do Comércio”, colabora no “Éco dos Campos” e no “Paraná”. Casara-se em 1881, com Carmelita (Madureira) Rocha Pombo, pertencente a ilustre família de Castro e em 1887 transferia-se com a família para o Rio de Janeiro. Na capital do país recebe o grau de bacharel em ciências jurídicas e sociais e, em 1816, é eleito Depurado ao Congresso Legislativo do Estado do Paraná, onde permanece por dois anos. Regressa ao Rio e vai ser professor na Escola Normal. Uma de suas filhas contrai núpcias com o poeta Pereira da Silva, que seria mais tarde seu confrade na Academia Brasileira de Letras. Por três vezes tentara ingressar na ilustre companhia, sem êxito. Em 1923 fizera duas tentativas, inscrevendo-se para preencher as vagas abertas coim o falecimento de D. Silvério e de Rui Barbosa, em 1928 pretendeu substituir Oliveira Lima, com igual resultado. Em 1933 o mestre lutava com as maiores dificuldades financeiras, privado de recursos e já bastante enfermo. Laudelino Freire apresentou-o, com essa informação, aos seus colegas acadêmicos, que decidiram elegê-lo, o que fizeram na terceira eleição para a vaga aberta com a morte de Alberto Faria, dando-lhe 24 votos contra 6 obtidos por Silvio Júlio, seu concorrente. O mestre devia, portanto, tomar posse da Cadeira nº 39, criada por Oliveira Lima sob o patrocínio de Varnhagem. O destino, entretanto já decidira: eleito a 16 de março de 1933, falecia a 26 de junho do mesmo ano, sem que o seu estado de saúde lhe permitisse comparecer a recepção de posse. Rodolfo Garcia foi o seu sucessor na Academia, que foi substituído por Elmano Cardim. Embora o melhor do seu talento haja sido reservado a História do Brasil, realizou, também, obra romântica de valor, destacando-se entre os que, naquele período, se dedicaram ao gênero. A sua “História do Brasil” editada em 1905, em dez volumes, continua sendo obra de larga utilidade e serviu para a educação de várias gerações de estudantes. Era homem de extrema simplicidade, retraído e meigo, vivendo alheio a realidade do ambiente. Convivia com os discípulos, discutia com eles os mais variados assuntos e era, mais do que o mestre, o amigo, o conselheiro amável, era o homem sempre bem disposto e agradável. Pedro Couto traça-lhe o perfil, salientando esse traço característico: “Já lhe tendo passado os cinquenta anos, é um gosto vê-lo prazenteiro e amorável em meio aos rapazolas, sem afetação, com eles trocando opiniões, chocando - quem sabe? - os graves e austeros medalhões, que todos se metem dentro de si e só se agrupam aos pares, relíquias, muitas vezes veneráveis. Dessa afetividade singela, dessa maneira despretensiosa lhe vem a simpatia de que goza. O seu nome é o reflexo do seu caráter: em moral, consistente, rochoso, no resto, brando, meigo, doce.” Apesar da extensão e da utilidade da sua obra, viveu os últimos anos em luta com grandes dificuldades financeiras, obrigado a despesas consideráveis para o tratamento da saúde. Faleceu pobre, quase em penúria. Raros amigos, dos muitos que fizera, acompanharam seus últimos dias, tanto mais tristes pela ausência de recursos em que se debatia. Foi um exemplo notável de honestidade literária e a sua vida foi um exemplo digno de ser imitado. 2888/20/04.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Marcelino José Nogueira Junior
MORRETES E A EMANCIPAÇÃO DO PARANÁ

A experiencia, confirmada por suas estreitas relações com as cousas e os factos, tem demonstrado que, na vida social, a industria é a raiz, o fundamento ou a causa primaria de tudo. Della deflue não só o desenvolvimento material, como o progresso humano sob o aspecto mais elevado de conquista do bem estar, da ordem, da liberdade, ou da emancipação da própria consciencia, já então impellida até a plena posse de seus sagrados e imprescriptiveis direitos. Essa verdade levou primoroso escriptor a reconhecer que a própria liberdade politica depende essencialmente do progresso industrial, pelo que não é de mero parallelismo, porém de verdadeira causalidade, a relação que ha entre a historia da industria e a historia da civilização politica. Por isso, quem tiver um dia de estudar a marcha ascencional da civilização politica no Paraná, hade ir tomar, na pequena e gloriosa povoação de Morretes, o seu antecedente necessario, ou o ponto donde, mais tarde, irradiou-se ella por todo o territorio paranaense.
 Obedecendo já em sua fundação a elevados intuitos commerciaes, como attesta sua posição, excellente em relação ao estado da viação áquelle tempo, Morretes muito cedo attrahiu as vistas de quantos conseguiram divisar, atravez as dubias entrevistas do futuro, a grandeza material e moral, que lhe estava reservada.
Homens emprehendedores, com ardente fé nos resultados do trabalho honesto, intelligente e perserverante, alli foram se estabelecer, lançando os germens do progresso economico, que dentro em pouco devia se revelar e accentuar. Então, a industria manufactureira do matte, que ainda é hoje a principal do Paraná, foi alli iniciada sob os melhores auspicios, determinando o aproveitamento de inexgotaveis riquezas, quer para o extractor, quer para os industriaes, que, beneficiando-o, iam leval-o transformado aos centros consumidores. Por sua vez o commercio, com vitalidade assás apreciavel, começou a desenvolver-se, estendendo dia a dia esphera de suas operações e ligando, pelas vantagens, immensas de civilizadora permutação, as populações ruraes mais affastadas á nova e florescente praça de Morretes. Ao lado dessas, innumeras outras industrias auxiliares surgiram, contribuindo, em concerto admiravel, para o desenvolvimento da pequena povoação, cujo progresso economico de mais se acentuava. Assim, muitas dezenas de annos não eram passadas, e as primitivas choças appareciam convertidas em edificios; as fabricas, armazens e depositos se haviam multiplicado; a população augmentara consideravelmente e de vez se tinha formado o centro para onde corria já grande numero de productores e consumidores, entregues todos á permuta de actividades e valores, no seu mais elevado aspecto economico.
Os resultados desse progresso industrial não se fizeram esperar. Dentro de alguns annos mais, tinha elle levado, na solidariedade admiravel que prende as industrias entre si, o desenvolvimento economico ás mais remotas paragens, e de toda a parte se lhe ouvia a voz, chamando o homem a mais santa de todas as pugnas: a que tem por instrumento a ferramenta e o trabalho e por divisa o desenvolvimento e a independencia da sociedade, E, de envolta com esse desenvolvimento, levou aquelle progresso a todas as classes sociaes a consciencia da propria força, a aspiração do bem estar e da ordem, o sentimento da liberdade e da independencia. Só depois, como culminante remate a essas bellas vegetações moraes, veio a emancipação da quinta comarca (No momento da emancipação o Paraná era a décima comarca – NP) de São. Paulo e com ella a installação da provincia do Paraná.
Portanto, em seu caracter de signal inequivoco de adiantado gráo de civilização politica, a emancipação do Paraná apparece, logicamente na historia, como a resultante do progresso industrial e economico, que irradiou-se, em torrentes de luz, da pequena povoação fundada ás margens do  Nhundiaquara por todo o território paranaense.

Morretes foi o berço da liberdade politica do Paraná. 


19 de Dezembro de 1903.
Obs. Está publicado com a orografia que foi originalmente publicado.