O HISTORIADOR MORRETENSE - ERIC J. HUNZICKER

segunda-feira, 6 de março de 2017


Bens Tombados em Morretes
Livro Tombo Histórico
IGREJA DE NOSSA SENHORA DA GUIA E
SÃO SEBASTIÃO DE PORTO DE CIMA
Inscrição Tombo 3-II
Processo Número 222-03/63
Data da Inscrição: 14 de março de 1.963
Localização:
Município: MORRETES
Rua - distrito de Porto de Cima - Morretes
Proprietário: Particular - Mitra do Arcebispado

HISTÓRICO
A Igreja de São Sebastião ergue-se em frente à praça principal de Porto de Cima, localidade às margens do Rio Nhundiaquara, a seis quilômetros da sede do município de Morretes. A História de Porto de Cima remonta ao início do século XVIII, com a garimpagem de ouro nos aluviões do Nhundiaquara. Na segunda metade do século, Porto de Cima ganhou maior expressão devido ao papel desempenhado pelo rio no transporte entre o litoral e o planalto. Em 1779, a fim de dar atendimento religioso à população local, o tenente-coronel Dom Afonso Botelho de Sampaio e Souza e o capitão Antonio Rodrigues de Carvalho projetaram e iniciaram a construção de uma capela sob a invocação de Nossa Senhora da Guia e de São Sebastião. Na primeira metade do século passado, a região, devido às facilidades de transporte e de força motriz oferecida pelo rio passou a abrigar engenhos hidráulicos de beneficiamento de erva-mate – produto que assumiria grande importância no mercado internacional, devido a problemas de ordem política na região platina. Com o crescimento populacional da localidade fez-se necessário ampliar a capela, recebendo seus zeladores, na década de 1840, autorização para os devidas obras. A transferência dos engenhos ervateiros para o planalto e a construção da ferrovia ligando-o ao litoral vão esvaziar economicamente Porto de Cima, iniciando-se sua decadência, afetando, inclusive, a reforma da capela, cujas obras se arrastaram por quase meio século.
          A igreja de Porto de Cima revela externamente as duas etapas de sua história, pois na ampliação feita no século passado a antiga capela passou a ser a capela-mor da igreja.
          Como a primeira igreja era aberta para o lado oposto, sua fachada, de principal passou a fundos, fazendo com que a igreja ficasse dotada de dois frontispícios – o antigo e o novo, solução que motivou em 1874 uma solicitação da comissão encarregada das obras, ao presidente da província, no sentido de ser autorizada a demolição do corpo da igreja pela falta de proporção e simetria do conjunto, obra que não chegou a ser executada.
         As duas fachadas são hoje um testemunho da história local. A original correspondendo á fase áurea de Porto de Cima, é mais rica: o partido tradicional, de frontão triangular, é ornamentado por um par de volutas, de desenho típico do século XVIII, sobrepostas ao seu ápice. Pináculos balizam os três pontos do ático e um cordão denticulado borda os lados. O retângulo dessa fachada é emoldurado por cunhais de seção semicircular. A porta de entrada foi provavelmente entaipada, havendo hoje um único vão nessa fachada – uma janela retangular. Lateralmente, foi construída a sacristia, com o comprimento da antiga capela. Seus vãos de janelas, em arco pleno, datam da Segunda metade do século passado. A fachada atual, extremamente simples, compõe-se de um retângulo, vazado por uma porta de verga reta e um par de janelas de arco pleno, e coroado por um frontão triangular. Os únicos adornos são os pináculos laterais, de desenho e feitura rudimentares. Ladeia o frontispício uma pequena torre de vãos em plena volta e zimbório piramidal, que pela desarmonia que apresenta em relação à nova fachada deve Ter sido erguida em época mais recente.

          Internamente, não há elementos artísticos valiosos, tendo sido o edifício vítima de muitas reformas desfigurantes, cujas conseqüências foram, em parte, atenuadas por trabalhos de restauração realizados após seu tombamento.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sinta-se a vontade para tirar dúvidas ou simplesmente comentar.