Bens
Tombados em Morretes
Livro
Tombo Histórico
IGREJA DE NOSSA SENHORA
DA GUIA E
SÃO SEBASTIÃO DE PORTO
DE CIMA
Inscrição
Tombo 3-II
Processo
Número 222-03/63
Data
da Inscrição: 14 de março de 1.963
Localização:
Município:
MORRETES
Rua
- distrito de Porto de Cima - Morretes
Proprietário:
Particular - Mitra do Arcebispado
HISTÓRICO
A
Igreja de São Sebastião ergue-se em frente à praça principal de Porto de Cima,
localidade às margens do Rio Nhundiaquara, a seis quilômetros da sede do
município de Morretes. A História de Porto de Cima remonta ao início do século
XVIII, com a garimpagem de ouro nos aluviões do Nhundiaquara. Na segunda metade
do século, Porto de Cima ganhou maior expressão devido ao papel desempenhado
pelo rio no transporte entre o litoral e o planalto. Em 1779, a fim de dar
atendimento religioso à população local, o tenente-coronel Dom Afonso Botelho
de Sampaio e Souza e o capitão Antonio Rodrigues de Carvalho projetaram e
iniciaram a construção de uma capela sob a invocação de Nossa Senhora da Guia e
de São Sebastião. Na primeira metade do século passado, a região, devido às
facilidades de transporte e de força motriz oferecida pelo rio passou a abrigar
engenhos hidráulicos de beneficiamento de erva-mate – produto que assumiria
grande importância no mercado internacional, devido a problemas de ordem
política na região platina. Com o crescimento populacional da localidade fez-se
necessário ampliar a capela, recebendo seus zeladores, na década de 1840,
autorização para os devidas obras. A transferência dos engenhos ervateiros para
o planalto e a construção da ferrovia ligando-o ao litoral vão esvaziar
economicamente Porto de Cima, iniciando-se sua decadência, afetando, inclusive,
a reforma da capela, cujas obras se arrastaram por quase meio século.
A igreja de Porto de Cima revela externamente as duas etapas de sua história,
pois na ampliação feita no século passado a antiga capela passou a ser a
capela-mor da igreja.
Como a primeira igreja era aberta para o lado oposto, sua fachada, de principal
passou a fundos, fazendo com que a igreja ficasse dotada de dois frontispícios
– o antigo e o novo, solução que motivou em 1874 uma solicitação da comissão
encarregada das obras, ao presidente da província, no sentido de ser autorizada
a demolição do corpo da igreja pela falta de proporção e simetria do conjunto,
obra que não chegou a ser executada.
As duas fachadas são hoje um testemunho da história local. A original
correspondendo á fase áurea de Porto de Cima, é mais rica: o partido
tradicional, de frontão triangular, é ornamentado por um par de volutas, de
desenho típico do século XVIII, sobrepostas ao seu ápice. Pináculos balizam os
três pontos do ático e um cordão denticulado borda os lados. O retângulo dessa
fachada é emoldurado por cunhais de seção semicircular. A porta de entrada foi
provavelmente entaipada, havendo hoje um único vão nessa fachada – uma janela
retangular. Lateralmente, foi construída a sacristia, com o comprimento da
antiga capela. Seus vãos de janelas, em arco pleno, datam da Segunda metade do
século passado. A fachada atual, extremamente simples, compõe-se de um
retângulo, vazado por uma porta de verga reta e um par de janelas de arco
pleno, e coroado por um frontão triangular. Os únicos adornos são os pináculos
laterais, de desenho e feitura rudimentares. Ladeia o frontispício uma pequena
torre de vãos em plena volta e zimbório piramidal, que pela desarmonia que
apresenta em relação à nova fachada deve Ter sido erguida em época mais
recente.
Internamente, não há elementos artísticos valiosos, tendo sido o edifício
vítima de muitas reformas desfigurantes, cujas conseqüências foram, em parte,
atenuadas por trabalhos de restauração realizados após seu tombamento.