O HISTORIADOR MORRETENSE - ERIC J. HUNZICKER

segunda-feira, 6 de março de 2017

IGREJA DE SÃO BENEDITO
Livro Tombo Histórico
Inscrição Tombo 86-II
Processo Número 85/84
Data da Inscrição: 13 de julho de 1.985
Localização:
Município: MORRETES
Rua Praça Benedito Antunes de Oliveira
Proprietário: Particular - Mitra Diocesana de Paranaguá
HISTÓRICO
         Em 1760 foi fundada em Morretes a Irmandade de São Benedito reunindo, conforme rezam seus estatutos, “pretos, escravos e administradores e pessoas livres que por suas devoções quiserem pertencer a ela sem distinção de sexo ou idade, com tanto que professem a religião Católica Romana, tendo por fim festejar anualmente ao Glorioso São Benedito no dia 25 de Dezembro”.
          Embora tenha se perdido quase toda a documentação da irmandade, em uma enchente da década de 1960, os livros que sobreviveram permitem levantar sua história a partir do ano de 1860. Entre 1865 e 1895 são construídos a capela e o cemitério, com grande dificuldade por corresponder, na região, a um período de decadência econômica.
         Compõem-se sua arquitetura do esquema edificado mais simples da tradição religiosa: nave, torre-sineiras e capela-mor. A construção é de alvenaria mista, pedra e tijolo, com cobertura em duas águas com telhado em beira-e-bica.

Internamente o maior interesse esta no altar-mor, com um grupo de imagens de diferentes épocas, sobressaindo-se entre todas, a do padroeiro, o “glorioso São Benedito”.

Bens Tombados em Morretes
Livro Tombo Histórico
IGREJA DE NOSSA SENHORA DA GUIA E
SÃO SEBASTIÃO DE PORTO DE CIMA
Inscrição Tombo 3-II
Processo Número 222-03/63
Data da Inscrição: 14 de março de 1.963
Localização:
Município: MORRETES
Rua - distrito de Porto de Cima - Morretes
Proprietário: Particular - Mitra do Arcebispado

HISTÓRICO
A Igreja de São Sebastião ergue-se em frente à praça principal de Porto de Cima, localidade às margens do Rio Nhundiaquara, a seis quilômetros da sede do município de Morretes. A História de Porto de Cima remonta ao início do século XVIII, com a garimpagem de ouro nos aluviões do Nhundiaquara. Na segunda metade do século, Porto de Cima ganhou maior expressão devido ao papel desempenhado pelo rio no transporte entre o litoral e o planalto. Em 1779, a fim de dar atendimento religioso à população local, o tenente-coronel Dom Afonso Botelho de Sampaio e Souza e o capitão Antonio Rodrigues de Carvalho projetaram e iniciaram a construção de uma capela sob a invocação de Nossa Senhora da Guia e de São Sebastião. Na primeira metade do século passado, a região, devido às facilidades de transporte e de força motriz oferecida pelo rio passou a abrigar engenhos hidráulicos de beneficiamento de erva-mate – produto que assumiria grande importância no mercado internacional, devido a problemas de ordem política na região platina. Com o crescimento populacional da localidade fez-se necessário ampliar a capela, recebendo seus zeladores, na década de 1840, autorização para os devidas obras. A transferência dos engenhos ervateiros para o planalto e a construção da ferrovia ligando-o ao litoral vão esvaziar economicamente Porto de Cima, iniciando-se sua decadência, afetando, inclusive, a reforma da capela, cujas obras se arrastaram por quase meio século.
          A igreja de Porto de Cima revela externamente as duas etapas de sua história, pois na ampliação feita no século passado a antiga capela passou a ser a capela-mor da igreja.
          Como a primeira igreja era aberta para o lado oposto, sua fachada, de principal passou a fundos, fazendo com que a igreja ficasse dotada de dois frontispícios – o antigo e o novo, solução que motivou em 1874 uma solicitação da comissão encarregada das obras, ao presidente da província, no sentido de ser autorizada a demolição do corpo da igreja pela falta de proporção e simetria do conjunto, obra que não chegou a ser executada.
         As duas fachadas são hoje um testemunho da história local. A original correspondendo á fase áurea de Porto de Cima, é mais rica: o partido tradicional, de frontão triangular, é ornamentado por um par de volutas, de desenho típico do século XVIII, sobrepostas ao seu ápice. Pináculos balizam os três pontos do ático e um cordão denticulado borda os lados. O retângulo dessa fachada é emoldurado por cunhais de seção semicircular. A porta de entrada foi provavelmente entaipada, havendo hoje um único vão nessa fachada – uma janela retangular. Lateralmente, foi construída a sacristia, com o comprimento da antiga capela. Seus vãos de janelas, em arco pleno, datam da Segunda metade do século passado. A fachada atual, extremamente simples, compõe-se de um retângulo, vazado por uma porta de verga reta e um par de janelas de arco pleno, e coroado por um frontão triangular. Os únicos adornos são os pináculos laterais, de desenho e feitura rudimentares. Ladeia o frontispício uma pequena torre de vãos em plena volta e zimbório piramidal, que pela desarmonia que apresenta em relação à nova fachada deve Ter sido erguida em época mais recente.

          Internamente, não há elementos artísticos valiosos, tendo sido o edifício vítima de muitas reformas desfigurantes, cujas conseqüências foram, em parte, atenuadas por trabalhos de restauração realizados após seu tombamento.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Revista “Illustração Paranaense”. Número 1, de novembro de 1927.
O RIO DA MINHA TERRA.
Quando eu era criança, meu pai sempre dizia: “menino... Não vás a beira do rio. Ele te mata...”
Eu ficava arrepiado de medo!
A morte, para os meus cinco anos, era uma coisa enorme, feia, parecida com o Caapora!
Gostava de admirar o Nhundiaquara!... Sempre ao longe... Temia o perigo de suas águas revoltas e cheias de Duendes... Extasiava-me ante o revoar rastejante das andorinhas, que faziam acrobacias no palco irrequieto do rio da minha terra!
* * *
Os meus amigos de meninice, todas as tardes iam tomar banho, nadar... Nunca os acompanhei... Ficava olhando-os de longe... Invejava-os.
Ambicionava-lhes a coragem...
Mas, logo vinha a minha ideia a figura grotesca do Caapora, que tudo matava, tudo arrasava, tudo comia!
O Nhundiaquara foi o fantasma da minha infância!...
Agora que já se passaram quinze anos, o rio da minha terra me parece mais bondoso, mais calmo, mais amigo...
Os ingazeiros curvam seus galhos enflorados para beijar suas águas balouçantes...
E elas são tão claras e transparentes, que deixam ver lá no fundo arenoso os malabarismos dos peixes buliçosos...
Não faz mal a ninguém, o meu pobre rio...
Antigamente em seus ombros, passavam ouro, riquezas imensas, que iam até o Itiberê!...
Hoje tudo acabou... A locomotiva furtou o seu entusiasmo...
* * *
Mas, à noite, as estrelas descem do firmamento para conversar com o rio da minha terra!
O seu marulhar é suave, Calmo, Bondoso, Santo.

E eu tenho a impressão de que o Nhundiaquara é um pedaço de céu que rolou do infinito, para que nós pudéssemos estar mais próximos de Deus!... ODILON NEGRÃO

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

PARTIDO REPUBLICANO DE MORRETES
1890-15 de janeiro: Ineditorial. O Centro Republicano de Morretes aos Seus Correligionários. Uma falsa compreensão dos intuitos do Partido Republicano de Morretes, representado pelo seu Centro Diretor, onde figuram membros dos dois antigos partidos, Liberal e Conservador, tem dado margem a comentários pouco dignos, dizendo-se, entre outras coisas, que esse partido faz oposição ao governo deste Estado. É uma falsidade. Da redação das duas primeiras atas de reunião, cujas cópias foram enviadas ao digno Governador deste Estado, vê-se exuberantemente que o Partido Republicano deste município põem-se ao lado do venerando cidadão, pronto a concorrer, quando em si couber, para a solução dos variados e complexos problemas de progresso, do adiantamento e do bem estar deste futuroso Estado. Na política larga que cabe aos atuais diretores do movimento ascensional da Pátria, na estrada aberta por onde seguem os que tomaram a si o encargo de felicitar o nosso país, o Centro Diretor do Partido Republicano de Morretes, sem paixões, despido de antigos preconceitos, fora de intrigas pequeninas, há de seguir intemerato, porque sente em si mesmo a força necessária, a prudência precisa, a altivez que enobrece, para colaborar, na medida de sua atividade, na tarefa ingente do progresso deste Estado, sem olhar a sacrifícios, sem poupar esforços, ser temer obstáculos. Não o intimidarão as armas que lhe forem apontadas, e os políticos honestos, os ambiciosos de glórias legítimas e merecidas, os patriotas sinceros, hão de vê-los a seu lado quando for ocasião oportuna. Manejar contra o Centro Diretor do Partido Republicano de Morretes, as armas ignóbeis da intriga e da calúnia, é perder tempo: porque ele conta consigo, com as suas forças, com a sua vontade inabalável, com aqueles que o elegeram e finalmente com os prosélitos que o seu patriotismo e a sua isenção lhe poderem angariar. Na faina gloriosa de preparar os elementos da grandeza deste Estado, os Republicanos de Morretes irão pedir meças de valentia aos que mais valentes foram. No terreno baixo da política pequena e estéril é que ele não poderá ser encontrado. Os homens que assinaram a ata da sua primeira reunião, há muitos anos conhecidos no Estado inteiro e que respondem por seus próprios nomes, são o penhor seguro dos seus nobres intuitos, da sua grande isenção partidária. Nenhum deles é candidato a empregos públicos, nenhum deles tem parentes que os necessitem. Esta é a sua força. Se outros merecimentos lhes faltassem, este predicado seria bastante para salientar-lhes a independência.  O Centro Diretor do Partido Republicano de Morretes, rompendo todos os laços que o prendiam aos antigos partidos, prestará seu apoio desinteressado a quem for digno de merecê-lo, a quem, como ele quer trabalhar com afinco na consolidação da República em nossa pátria e para adiantamento deste Estado. Sem compromissos tomados, sem intenções preconcebidas, a não ser a colaboração efetiva no trabalho árduo, mas glorioso, de ser útil a pátria, ele descansa na sua firmeza, aguardando o momento de levantar-se para a tarefa, dentro da órbita da lei, dentro do programa que a si mesmo traçou, de fazer a política larga que se coaduna com os interesses vitais deste Estado, e com os seus próprios sentimentos de isenção partidária. Fora deste largo círculo não será encontrado, nem com ele se chocarão os interesses inconfessáveis e as ambições descabidas. Morretes, 10 de janeiro de 1890. O Presidente, Joaquim José Alves; O Vice, Antônio Polidoro; O Secretário, José Gonsalves de Moraes; Os Diretores: Rômulo José Pereira, Arsênio Gonçalves Cordeiro, Luiz Ventura Rodrigues, Manoel Francisco Grillo Júnior. 04/1/02.