O HISTORIADOR MORRETENSE - ERIC J. HUNZICKER

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

ROCHA POMBO
1950-28 de dezembro: Rocha Pombo, por Luiz Magalhães. A geração atual de brasileiros deve a José Francisco da Rocha Pombo uma parcela considerável da própria cultura, pois raros foram os que não beberam, nas páginas das suas várias obras sobre História do Brasil, os conhecimentos iniciais da vida escolar. Rocha Pombo nasceu em Morretes, no Estado do Paraná, a 4 de dezembro de 1857 e faleceu no Rio de Janeiro a 26 de junho de 1933. Era filho de Manoel Francisco Pombo e Angélica Rocha Pombo. Já aos 18 anos exercia o magistério, para o que manifestou, desde muito cedo, a mais decidida inclinação. Ensinava, inicialmente no Anhaia, subúrbio da sua cidade natal, transferindo-se após para Curitiba, onde pretendia ingressar na vida da imprensa, em que já se iniciara em Morretes, publicando vários trabalhos. Um desses trabalhos, alas, o primeiro, ao que se supõe, foi publicado na revista fluminense “A Escola” e mereceu a honra de ser transcrito em um jornal argentino. Também em Morretes, Rocha Pombo havia iniciado uma série de escritos de propaganda republicana, que adotara, entre os primeiros apologistas do novo regime. Na capital do Paraná trabalha com incrível atividade, escreve livros, colabora na imprensa diária como redator e como diretor e ensina, especialmente, história pátria. Em 1886 trabalha na “Gazeta Paranaense”, órgão do Partido Conservador, a que se encontra ligado. No ano seguinte dirige o “Diário Popular”, em 1892 é redator do “Diário do Comércio”, colabora no “Éco dos Campos” e no “Paraná”. Casara-se em 1881, com Carmelita (Madureira) Rocha Pombo, pertencente a ilustre família de Castro e em 1887 transferia-se com a família para o Rio de Janeiro. Na capital do país recebe o grau de bacharel em ciências jurídicas e sociais e, em 1816, é eleito Depurado ao Congresso Legislativo do Estado do Paraná, onde permanece por dois anos. Regressa ao Rio e vai ser professor na Escola Normal. Uma de suas filhas contrai núpcias com o poeta Pereira da Silva, que seria mais tarde seu confrade na Academia Brasileira de Letras. Por três vezes tentara ingressar na ilustre companhia, sem êxito. Em 1923 fizera duas tentativas, inscrevendo-se para preencher as vagas abertas coim o falecimento de D. Silvério e de Rui Barbosa, em 1928 pretendeu substituir Oliveira Lima, com igual resultado. Em 1933 o mestre lutava com as maiores dificuldades financeiras, privado de recursos e já bastante enfermo. Laudelino Freire apresentou-o, com essa informação, aos seus colegas acadêmicos, que decidiram elegê-lo, o que fizeram na terceira eleição para a vaga aberta com a morte de Alberto Faria, dando-lhe 24 votos contra 6 obtidos por Silvio Júlio, seu concorrente. O mestre devia, portanto, tomar posse da Cadeira nº 39, criada por Oliveira Lima sob o patrocínio de Varnhagem. O destino, entretanto já decidira: eleito a 16 de março de 1933, falecia a 26 de junho do mesmo ano, sem que o seu estado de saúde lhe permitisse comparecer a recepção de posse. Rodolfo Garcia foi o seu sucessor na Academia, que foi substituído por Elmano Cardim. Embora o melhor do seu talento haja sido reservado a História do Brasil, realizou, também, obra romântica de valor, destacando-se entre os que, naquele período, se dedicaram ao gênero. A sua “História do Brasil” editada em 1905, em dez volumes, continua sendo obra de larga utilidade e serviu para a educação de várias gerações de estudantes. Era homem de extrema simplicidade, retraído e meigo, vivendo alheio a realidade do ambiente. Convivia com os discípulos, discutia com eles os mais variados assuntos e era, mais do que o mestre, o amigo, o conselheiro amável, era o homem sempre bem disposto e agradável. Pedro Couto traça-lhe o perfil, salientando esse traço característico: “Já lhe tendo passado os cinquenta anos, é um gosto vê-lo prazenteiro e amorável em meio aos rapazolas, sem afetação, com eles trocando opiniões, chocando - quem sabe? - os graves e austeros medalhões, que todos se metem dentro de si e só se agrupam aos pares, relíquias, muitas vezes veneráveis. Dessa afetividade singela, dessa maneira despretensiosa lhe vem a simpatia de que goza. O seu nome é o reflexo do seu caráter: em moral, consistente, rochoso, no resto, brando, meigo, doce.” Apesar da extensão e da utilidade da sua obra, viveu os últimos anos em luta com grandes dificuldades financeiras, obrigado a despesas consideráveis para o tratamento da saúde. Faleceu pobre, quase em penúria. Raros amigos, dos muitos que fizera, acompanharam seus últimos dias, tanto mais tristes pela ausência de recursos em que se debatia. Foi um exemplo notável de honestidade literária e a sua vida foi um exemplo digno de ser imitado. 2888/20/04.

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